O paraíso e a lógica do suicídio
Pelo menos no ocidente e no cristianismo, somos ensinados que a humanidade no início vivia em um paraíso, e se formos bonzinhos iremos para o céu (ou para o Nosso Lar).
Quando, na mitologia bíblica, Adão foi expulso do paraíso, recebeu como o pior castigo a obrigação de trabalhar para comer e satisfazer as suas necessidades físicas.
Veja bem, nesta concepção, a vida seria boa e feliz se vivêssemos em um paraíso, uma colônia de férias, onde o homem não teria nenhum aborrecimento e viveria em um lazer e ociosidade eterna.
Então, ensinamos aos nossos filhos que os problemas, dificuldades e desafios são ruins e devem ser evitados, ensinamos que as dificuldades acontecem pela ausência de Deus, e quanto mais riqueza, abundância, conforto, facilidades e ócio houver na vida, isso significa que somos pessoa abençoadas, não ter problemas e desafios na vida e receber tudo de mão beijada é uma benção... Será?
Vamos analisar: Se os pais protegem demasiadamente um filho, lhe dando tudo o que ele quer de mão beijada, resolve todos os seus problemas, não lhes dá obrigações e passa pano para seus erros, evitando que o mesmo assuma a responsabilidade pelos seus atos, o que acontece?
Bom, para o filho esta vida será um paraiso, mas os pais terão com o tempo de lidar com um filho egoísta, fraco, incapaz e revoltado. O filho se tornará revoltado quando descobrir que não pode ter tudo o que quiser.
Pior ainda, acostumado a ter tudo o que quer, quando não tiver, se tornará um delinquente, um drogado ou um criminoso.
Pode acontecer que a pessoa criada no materialismo programada para ganhar dinheiro, que tem necessidade de ser aceita em uma sociedade competitiva e egoísta, confrontada por decepções, dificuldades e desafios comuns da vida, e diante da idéia de que a morte é um descanso e um alívio de todo o sofrimento, opte por tirar a própria vida diante do sofrimento inevitável para todos nós.
A pessoa é ensinada desde pequena a competir para ser a mais bonita, ser a primeira da turma, a vestir as melhores roupas, ter o melhor emprego ou ser o melhor administrador de empresa, enfim, a ser melhor que os outros em tudo, mas com o tempo descobre que isso é impossível, então em vez de enfrentar os problemas e perceber como e o que é a realidade da vida, entra em depressão e perde a auto-estima.
Não lhe ensinaram que o objetivo da vida não é ter tudo o que quiser, e sim viver e vencer as dificuldades, encarando de frente e sem medo os desafios da vida, não lhe ensinaram que não faz sentido querer ser melhor que os outros, o grande desafio que lhe trará felicidade e autorealização e ser melhor que ele mesmo a cada dia, hoje melhor que ontem, e amanhã melhor que hoje.
É um desperdício ganhar um corpo físico e levar toda uma encarnação e toda uma existência, como se a vida fosse uma pista de competição ou uma Colônia de Férias.
É claro que todos queremps ser felizes e viver sem problemas, mas este estado só é possivel por esforço e mérito próprio, devemos buscar a reforma íntima e equilíbrio interno, e a benção verdadeira virá.
Não existe descanso na morte, o espírito segue seu caminho e o corpo não descansa, apodresce.
O castigo do suicída é o arrependimento pelo tempo perdido, pela oportunidade rara desperdiçada, e pela destruição voluntária de uma máquina maravilhosa, confiada em suas mãos, que estava sob sua responsabilidade, e que lhe foi confiada com a condição de ser cuidada com carinho por um determinado tempo.
Criem os filhos para serem pessoas dignas e equilibradas, o desafio e objetivo da vida não é superar o próximo e acumular riquezas e troféus, e sim nos tornarmos melhores a cada dia, superando a nós mesmos e acumulando experiências, conhecimento e amores.
Ensine os filhos a valorizar a vida e a oportunidade de ter um corpo físico, e a idéia de provocar a própria morte não os irá seduzir.
Ensine que as dificuldades da vida existem para serem superadas, e esta superação os tornará fortes, confiantes, capazes, experientes e realizados.
André Luiz M Silva
Blog Folha de Tucuruí Percepção