Devemos e podemos ser 100% honestos o tempo todo?
A resposta é NÃO. A honestidade é sem dúvida alguma uma das mais importantes e fundamentais virtudes, pois uma pessoa desonesta prejudica os outros, a si mesmo e a toda a sociedade.
Sem honestidade não existe confiança, não existe paz interior, e portanto sem sermos honestos, não podemos ser equilibrados e felizes.
A honestidade e sua filha a confiança, criam e mantém bons relacionamentos em todos os níveis da convivência humana.
No entanto, a honestidade, como toda virtude precisa de controle e discernimento, caso contrário a honestidade passa a ser cruel, desrespeitosa e antisocial, levando a consequências ruins e as vezes muito graves.
Para sermos honestos de forma sensata e correta, precisamos ter empatia e compaixão, além de avaliar as consequências dos nossos atos.
Existem verdades, que se forem ditas de forma cruel e irresponsável, podem destruir a vida do outro, destruir relacionamentos, famílias, sociedades, causar sofrimento moral, ferir e até mesmo causar a morte do outro.
Antes de ser 100% honesto, se pergunte se o que você vai dizer é útil a você e ao outro.
Se pergunte se a pessoa está emocionalmente preparada para ouvir a verdade.
Se pergunte se ao dizer a verdade voçê não está se metendo indevidamente na vida dos outros.
Se pergunte se o outro quer ouvir o que você tem a dizer, muitas vezes a pessoa sabe a verdade, mas a realidade o faz sofrer tanto, que ele prefere ignorar e fingir que não sabe.
Você não tem o direito de dizer o que é melhor para os outros, o que é bom para você, pode não ser bom para o outro, a pessoa ao negar a verdade a si mesmo, pode estar consciente ou inconscientemente, tentando ganhar tempo para conseguir lidar com a situação.
Antes de ser 100% honesto, se pergunte se o que você tem a dizer é um assunto pessoal de alguém, algo que não é da sua conta. Se não for da sia conta, se cale.
Antes de ser honesto 100%, verifique se o que você vai dizer não vai destruir desnecessariamente uma família, ou um relacionamento amoroso, de amizade ou profissional. Verifique se a sua honestidade não vai prejudicar e fazer os outros infelizes.
Antes de ser 100% honesto, verifique as circunstâncias e se a pessoa está preparada mental e emocionalmente para o que você vai lhe dizer.
Antes de ser honesto 100%, verifique se a sua honestidade não passa de vaidade, soberba e intromissão em assuntos indevidos, e que não lhe dizem respeito.
Por fim, ser honesto 100% só vale se for consigo mesmo, e mesmo assim, você deve ser totalmente honesto mas com gentileza, amor, compreenção e compaixão para com você mesmo.
Entenda que você não está certo o tempo todo, sendo humano, você estará errado algumas vezes, e em certos casos na maioria das vezes a sua verdade pode não ser tão verdade assim, ou pode ainda ser uma verdade completamente equivocada, neste caso, você está sendo honesto quando diz a verdade que acredita, no entanto, sua verdade é falsa, não passa de uma mentira em que você realmente acredita, ou pior, quer acreditar.
Portanto, para que a verdade seja realmente uma virtude, ela deve ser exercida com discernimento, empatia, compaixão, generosidade e amor ao próximo.
Ser honesto consigo mesmo e com os outros, nos ajuda a progredir e a lutar contra os nossos defeitos e imperfeições. A honestidade gera confiança, e ao se tornar uma pessoa confiável, você atrairá pessoas boas e também confiaveis.
Mas você deve estar preparado, pois ser honesto também tem seu preço, alguns se aproximarão de você para tirar proveito, pois muitos associam a honestidade a ingenuidade e burrice.
Outros se afastarão, ou o manterão distante deles por antipatia por você ser diferente deles, ou por medo do seu julgamento e comentários, e alguns por inveja do seu caráter e postura.
Esteja ciente também que ao ser honesto, perderá algumas oportunidades, principalmente em questões financeiras, perderá alguns amigos e até amores. Muitos lhe farão oposição pelo simples fato de ser o que é. Mas esteja ciente que nestes casos, estas aparentes perdas, na verdade são livramentos, o que lhe pertence de fato ninguém lhe tira.
Mas preste atenção, ser honesto não é ser burro como alguns dizem e pensam, ser honesto é valorizar a virtude e a integridade moral, acima dos bens materiais e do convivido social transitório, é valorizar o ser acima do ter.
Ser honesto é confiar nas pessoas certas, lembrando que o fato de você ser honesto, não quer dizer que o outro também seja.
Ser honesto não é ser tão burro a ponto de contar para todo mundo a sua intimidade, seus planos, seu passado, seus erros e as suas fraquezas. Antes de falar sobre sua vida para os outros, lembre que tudo o que disser, pode e provavelmente será usado contra você.
Não é porque você é honesto, que você não possa ter intimidade ou ser uma pessoa reservada, discernimento e equilíbrio é tudo.
A virtude exercida de forma exagerada e sem discernimento, se torna um defeito e nos leva ao desastre.
Por isso todas as virtudes dependem do equilíbrio e discernimento. Sempre o equilíbrio, sem extremismo seguindo o caminho do meio.
O que dia a bíblia e o budismo sobre o caminho do meio?
Biblia:
Ecl 7:15-17 Tudo isto vi nos dias da minha vaidade: há justo que perece na sua justiça, e há ímpio que prolonga os seus dias na sua maldade.
Não sejas demasiadamente justo, nem demasiadamente sábio; por que te destruirias a ti mesmo? Não sejas demasiadamente ímpio, nem sejas louco; por que morrerias fora de teu tempo
Buda:
O budismo prega o caminho do meio. Um ponto equidistante entre os extremos. Assim como um violão com a corda frouxa não produz som algum e um violão com a corda muito retesada acaba por arrebentar a corda, um ser humano somente conseguirá produzir bons frutos espirituais se se mantiver equidistante entre o rigor excessivo e a excessiva permissividade.
Diz a doutrina budista que Buda chegou a esta conclusão, após desmaiar de fome devido a seu rigoroso jejum e ter somente recuperado a consciência após ser alimentado com uma tigela de mingau, por uma camponesa caridosa que passava casualmente por perto.
Após meditar sobre este fato, Sidarta concluiu que o controle excessivo é tão ruim e ineficaz em termos espirituais quanto a excessiva permissividade, e optou por seguir um caminho intermediário entre os dois.
Namastê
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