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domingo 16 2014

Crises abrem corrida por energia limpa no mundo

Por Wanderley Preite Sobrinho - iG São Paulo.
           
Efeito estufa, desastres ambientais, crises econômicas e risco de conflito disparam corrida por autossuficiência em energia.
           

Imagem de Três Gargantas, a maior hidrelétrica do mundo, com capacidade para gerar 22,5 megawatts de energia; Itaipú, a maior do Brasil, gera 18 megawatts.
       
Enquanto as autoridades brasileiras rezam para que as chuvas encham os reservatórios das hidrelétricas e o País finalmente desligue as termelétricas – que geram energia até 700% mais cara –, o resto do mundo se aventura no desenvolvimento de energia limpa com o discurso de salvar o mundo e a esperança de conquistar autossuficiência energética.
        
Embora representem 5% da população mundial, os norte-americanos consomem 26% de toda a energia produzida no mundo. Hoje, 84% dela provêm de combustíveis fósseis, 60% só para abastecer o setor de transportes.
        
Diante das crises diplomáticas no Oriente Médio – maior produtor de petróleo – e dos alertas ambientais, o senado americano aprovou em 2006 a Lei de Biocombustível e Segurança. No ano seguinte, 25% da safra de milho já eram destinados à produção de etanol, informa o governo americano. Ambicioso, o setor espera que nos próximos 20 anos 60% dos carros sejam alimentados por energia elétrica, 20% por biocombustíveis e 20% pela luz solar.
     
Em 2009, os Estados Unidos se tornaram líderes mundiais em produção de energia eólica, hoje responsável por 2% da eletricidade gerada pelo país. “Diminuímos em 20% a importação de petróleo entre 2005 e 2013 e vamos reduzir nossas importações pela metade até 2020”, afirmou no ano passado o conselheiro de segurança nacional, Tom Donilon.
         
Quando apenas a produção de energia elétrica é contabilizada, o cenário muda: 51% das usinas americanas são abastecidas por carvão, 21% por urânio, 17% por gás natural, 9% por fontes renováveis (incluindo hidrelétricas) e 1% por petróleo, contabiliza o órgão estatístico U.S. Energy Information Administration.
         

Usina de energia movida a carvão em Bartonville, Illinois, Estados Unidos
           
“Ainda vai demorar até os Estados Unidos abandonarem o carvão porque o país têm grandes reservas dessa que é sua histórica matriz energética”, explica o presidente do Instituto Acende Brasil, Claudio Sales.
           
A mesma análise vale para a China, que usa o carvão para produzir dois terços de sua eletricidade. “Mas como é gigantesca em tudo, a China já é a campeã em produção de energia limpa”, afirma o especialista. Maior produtor de turbinas eólicas e painéis solares do mundo, o país asiático ultrapassou a Alemanha, em 2009, como o maior produtor mundial de energia renovável, responsável em 2020 por 16% da produção energética nacional, projetam autoridades chinesas.
           
Para chegar lá e deixar para trás o estigma de maior emissor mundial de gases causadores do efeito estufa, Pequim prevê a construção de 50 usinas hidrelétricas, algumas quase tão grandes como Três Gargantas, a maior do mundo, responsável pelo deslocamento de 1,2 milhão de pessoas do Estado de Hubei na última década.
        
Oriente Médio
        
Além de maiores importadores de petróleo do Oriente Médio, os chineses também estão de olho no potencial de energia limpa dessa região. No Egito, a eletricidade gerada dessa forma representará 20% da matriz energética até 2020 (12% eólicos e 8% solares), projetou o ministro de Eletricidade do Egito, Mahmoud Mustafá, em uma conferência China-Países Árabes realizada no ano passado.
      
A região vem levando o tema tão a sério que a Agência Internacional de Energia Renovável tem sede na capital dos Emirados Árabes Unidos, Abu Dabi. Uma das razões para essa escolha é o fato de o Oriente Médio dispor de grandes áreas para captação de energia solar, subsidiada principalmente na Arábia Saudita e Emirados.
      
Até o enriquecimento de urânio pelo Irã parece controlado. Em novembro do ano passado, o país assinou um tratado internacional se comprometendo a não ultrapassar o limite de 5% de enriquecimento do urânio, percentual abaixo do necessário para construir armas de destruição em massa.
         
Japão
      
As usinas nucleares são justamente o grande tema no Japão desde que, há três anos, um tsunami na cidade de Fukushima afetou uma geradora. A radiação provocou manifestações pelo País e o desligamento de 50 reatores, afetando 26% da energia produzida no país.
         
A partir de então, os japoneses alcançaram a maior taxa de crescimento na produção de energias renováveis, hoje 10% de todo o consumo. Em declarações oficiais, o governo japonês promete triplicar o uso de fontes limpas em 20 anos. Os planos incluem a construção de 140 turbinas eólicas gigantes, como a que já flutua na costa do país.
     
          
Torre SP 10, em Sevilha, na Espanha, é uma das maiores produtoras de energia solar do mundo.
           
O drama japonês só é comparado ao europeu, onde 54% da energia é importada, segundo a Eurostat (órgão estatístico da União Europeia). Em 2007, a UE importava 82% do petróleo consumido, 57% do gás natural e 97% do urânio, contabiliza a agência Euratom Supply.
       
“Na Europa, os maiores investimentos em produção própria são em energia eólica e solar”, explica Sales. Mas a crise econômica afetou esse investimento, principalmente na Espanha, que interrompeu a expansão de seu parque eólico. “Na Alemanha a situação é ambígua: é o segundo país que mais produz energia limpa, mas compra excedente nuclear da França". Os franceses são os maiores produtores de energia nuclear do mundo, 77% de sua matriz energética, segundo dados da ong Word Nuclear Power.
       
Sales lembra que cada país precisa ter sua própria política energética em razão das diferentes matrizes a que estão sujeitas. “O Brasil se diferencia positivamente da maioria dos países por ter matriz diversificada e predominantemente renovável, o que surpreende pelas dificuldades energéticas que o País vem enfrentando.”
           

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