Imagem do Ministério da Saúde |
Aos 37 anos, a arte educadora M.E.S. convive com o vírus da Aids há 14 anos. Tinha apenas 23 quando foi infectada durante uma relação sexual e precisou passar por todas as fases que a nova realidade impôs. “As famílias precisam discutir essa questão. Os pais precisam orientar os filhos porque, infelizmente, a Aids é uma realidade que está ai”, diz.
M.E.S. não é mais uma exceção. A Aids, que começou como uma doença ligada a grupos de riscos (homossexuais masculinos, usuários de drogas e profissionais do sexo), é uma doença que atinge comportamentos de risco.
Segundo dados oficias, a faixa etária onde a epidemia mais cresceu nos últimos 10 anos foi entre 15 e 24 anos de idade. Silenciosa, tem se espalhado com rapidez principalmente entre as mulheres jovens e, por isso, elas entraram para a agenda de prioridades do Ministério da Saúde, no que diz respeito às campanhas contra a Aids no Brasil.
No Pará, para surpresa das autoridades de saúde, a última década iniciou com o aumento de mulheres infectadas na faixa etária de 13 a 19 anos. “Hoje as meninas começam a vida sexual mais cedo e acabam se relacionando sem muita conscientização dos riscos. Elas sabem da importância da prevenção, mas muitas ainda deixam de usar a camisinha quando estão em uma relação de amor, confiança e atração”, diz a coordenadora do programa estadual de DST/Aids, Deborah Crespo.
Apesar de estarem mais vulneráveis, as campanhas contra o vírus elegem as mulheres como prioridade também porque elas têm mais senso de responsabilidade, especialmente quando engravidam. São elas que mais procuram ajuda médica. Com isso acabam contribuindo para o diagnóstico precoce, que permite impedir a que a doença se instale. “O tratamento precoce hoje é uma realidade. É possível bloquear o vírus e melhorar a qualidade de vida”, diz a coordenadora.
Para Deborah Crespo, as campanhas nacionais de prevenção ainda precisam avançar no que diz respeito às mulheres e uma das reivindicações é o aumento da oferta da camisinha feminina, mais eficiente no controle de outras doenças sexualmente transmissíveis e que permitem um maior poder da mulher sobre seu corpo. “Esse é um passo que precisa ser dado”, explica.
Atualmente, mesmo para quem está disposto a pagar, é quase impossível encontrar a camisinha feminina no mercado. No sistema público, ela só é distribuída para casos prioritários, como mulheres já infectadas ou que tenham parceiros infectados.
Jair Santos, presidente do Grupo Paravidda, que atua na assistência a portadores do vírus, confirma que tem aumentado o número de mulheres jovens em busca de ajuda após serem infectadas. O Paravidda existe há 23 anos e nessas mais de duas décadas mudou bastante o perfil dos assistidos pela entidade. “Muitas vezes, as mulheres não conseguem dizer não para seus parceiros por questões culturais. Apesar de todas as campanhas, elas ainda são vulneráveis, seja por dependência econômica, seja por dependência emocional. A mulher precisa ter o domínio sobre o corpo dela”, diz.
CASOS
Até o fim do ano passado 734 mil pessoas vivem com HIV e Aids no país, segundo dados do boletim epidemiológico, publicado pelo Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde. Desde os anos 80, quando a doença começou a assombrar o mundo, já foram notificados 757 mil casos de aids no país. Desses, 18 mil casos foram registrados no Pará, mas autoridades admitem ainda subnotificações. Ou seja, infectados ou doentes que não foram registrados. Apesar do número alto, a epidemia é considerada estabilizada, com taxa de detecção em torno de 20,4 casos a cada 100 mil habitantes. Isso significa 39 mil casos novos por ano.
O coeficiente de mortalidade caiu 13% nos últimos 10 anos, passando de 6,4 casos de mortes por 100 mil habitantes em 2003, para 5,7 casos em 2013. No Estado do Pará, a taxa é de 23,2 casos novos a cada 100 mil habitantes. Em 2013, o Pará registrou 1.054 casos de Aids, sendo 647 em homens e 407 em mulheres. Até agosto do ano passado, foram 441 casos: 281 em homens e 160 em
mulheres. (Diário do Pará).
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Nota do Folha: É bom não nos esquecermos que Tucuruí é a 20º cidade do Brasil em incidência de AIDS.
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