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terça-feira 29 2010

O jogo político na visão da perereca. Imperdível...

Interessante a análise da atual conjuntura política no estado feita pela Jornalista Ana Célia Pinheiro (Blog Perereca da Vizinha). Concordamos com a descrição minuciosa que ela faz sobre os bastidores destas eleições, vale à pena conferir. 


Se não estou enganada, Jatene já tem mais de 60 anos.

Além disso, é pra lá de escolado: passou boa parte da vida nos bastidores políticos, onde é preciso aprender a ler a alma alheia, até para sobreviver.

E mesmo quem não gosta dele, admite que sempre foi um excelente articulador político.

Assim, Jatene não tem direito à ingenuidade.

Mas, sabe-se lá por que, parece ter passado por espécie de himenoplastia mental, para se deixar embalar canto de sereia de El Barbalhon.

Quer dizer: Jatene corre o risco de reeditar aquele herói mitológico (não me lembro se é Gilgamesh), cuja jornada é interrompida por um sono profundo, durante vários anos, no interior de uma caverna.

Mas Jatene não é Gilgamesh.

Se dormir agora, acabará com a sua luminosa carreira política.

II

É duro admitir, mas Vic está coberto de razão ao insistir na candidatura de Valéria ao Senado.

Essa é, certamente, a melhor jogada para os Pires Franco: no mínimo, tende a assegurar a reeleição de Vic. E também pode virar prêmio de loteria, caso Valéria seja eleita.

Acho pouco provável que isso aconteça.

Vic pode ser um bocó, mas deve saber que Valéria disputará não a cadeira de Paulo Rocha, mas, a pretendida por Jader.

E se Valéria ameaçar, ainda que remotamente, a eleição de Jader, receberá, certamente, um bombardeio cerrado das Organizações Barbalho.

Mas em política tudo é possível.

Daí que Vic está jogando certinho: é o tipo de cartada que, mesmo na hipótese de candidatura avulsa, representa baixo risco para ele e outros integrantes do DEM.

Embora, é claro, não se possa descartar que a artilharia dos Barbalho passe a mirar não apenas Valéria, mas, boa parte do partido.

De qualquer forma, essa é a melhor cartada de Vic.

E, na verdade, quem está jogando inexplicavelmente mal é Simão Jatene, até aqui um brilhante estrategista.

Se eu estivesse no lugar de Jatene, já teria entregado o que Vic quer: a vaga do Senado para Valéria.

E até peço desculpas aos leitores da Perereca e à boa parte da blogosfera, que tem sido covardemente atacada por Vic, naquela “coisa” que ele chama de blog.

Mas ressentimentos são péssimos companheiros da análise política, que tem de ser realizada com frieza tumular.

E o fato é que Jatene precisa de Valéria e do DEM, para, ao menos, tentar forçar o segundo turno neste pleito – o que já será uma proeza e tanto, tendo em vista o poderoso exército arregimentado pela governadora: dez grandes partidos armados até os dentes com as máquinas federal e estadual, além de cerca de 100 prefeituras, inclusive a de Belém, o maior colégio eleitoral do Pará.

Só quem nunca participou de uma campanha política é que não fica todo arrepiado diante de uma imagem assim...

Poeticamente, lembra a resistência de 300 bravos espartanos contra o poderoso exército persa, cujas setas chegavam a encobrir a luz solar...

(E eu devo confessar aos leitores que é extremamente tentador participar de uma batalha assim...)

Mas o fato é que mesmo que seja para perder com dignidade – como aqueles 300 bravos espartanos – Jatene precisa de Valéria.

Flexa nem de longe tem a capacidade de puxar votos que Valéria tem.

E muitos tucanos que se insurgem contra uma aliança com o DEM não valem nem a metade de um Lira Maia.

Se estivesse no lugar de Jatene, portanto, não apenas entregaria a vaga do Senado à Valéria, mas, também, faria uma campanha casadinha com a dela, até porque, do ponto de vista tucano, ela é a melhor opção para o Senado.

Apesar do carma que carrega (e por carma leia-se Vic Pires Franco), o fato é que Valéria já deu inúmeras provas de lealdade ao PSDB.

E o PSDB precisa de aliados assim.

III

O que Jatene precisa entender é que, ao se deixar embalar pela cantilena de Jader, está, na verdade, contando com o ovo no fiofó da galinha – e é bem provável que não haja ovo algum.

Há sinais claríssimos de que El Barbalhon está com o PT, até porque lhe interessa um segundo mandato de Ana, com o cansaço eleitoral que daí resultará - e as disputas intestinas do PT que devem se agudizar até 2014. Além, é claro, da falta de um “candidato natural” do PSDB também em 2014, o que representaria um obstáculo à ascensão do “Sobrancelhudinho”...

E quais são essas sinalizações?

A primeira é, inegavelmente, o fato de Jader ter optado por um candidato “laranja” para o Governo – e tão laranja que precisa repetir todos os dias, dia e noite, que não é laranja...

Se Jader quisesse garantir, de fato, o segundo turno, teria lançado um candidato de peso, como é o caso de Priante, cuja participação foi fundamental para a derrota tucana, em 2006.

Em vez disso, optou por Domingos Juvenil, em chapa pura – vejam só – com Hildegardo Nunes. E, ao que se diz, a campanha da dupla ainda será regida por pessoas sem experiência nesse tipo de empreitada, ou com derrota acachapante no currículo.

Quer dizer: por qualquer ângulo que se olhe, a candidatura peemedebista não foi feita para prosperar.

Não bastasse isso, Jader ainda mantém sob suas asas o ex-governador Almir Gabriel, hoje uma espada apontada contra o pescoço de Jatene.

E no entanto – sabe-se lá à força de que encantamento – Jatene permanece adormecido nos braços de Jader, sem perceber que o apoio dele não virá, até porque é bem possível que Jader esteja a apostar na reeleição de Ana Júlia ainda no primeiro turno – daí que nem poderá ser acusado de trair eventuais compromissos para o segundo...

Infelizmente, Jatene, que é dono de uma inteligência extraordinária, não consegue perceber que está a ser, simplesmente, engabelado por Jader.

Vivíssimo e igualmente brilhante, Jader faz um gesto aqui e ali, para manter adormecida a sua presa, enquanto o tempo se esvai para uma aliança entre o PSDB e o DEM, a melhor opção tucana para tentar garantir o segundo turno e transformar esta eleição numa disputa pra valer.

Talvez seja o desespero: a necessidade de acreditar na chegada da cavalaria, em vez de encarar o fato de que não haverá cavalaria e que a “jornada heróica” que se avizinha exigirá até o tutano do pouco que se tem...

Se Jatene não compreender isso – que a realidade, por pior que seja, é sempre melhor que a mais doce ilusão – nem deve se candidatar ao governo.

Porque terá o final melancólico que o seu ex-amigo e hoje arquiinimigo, Almir Gabriel, tanto deseja.

Jatene precisa recusar a banha de cobra que Jader insiste em lhe vender.Até para que a gente tenha uma eleição de verdade. E não essa porcaria arranjada que vem por aí.

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