Na opinião do Folha nenhuma, e vamos dizer por quê.
Vejam bem, à primeira vista pode parecer que a Unidos venceu já que ganhou o título e ficou com o troféu, mas será que ganhou mesmo?
Claro que a Unidos é uma boa escola de samba e a sua diretoria é eficiente, mas o número de vitórias seguidas por si, contraria todas as probabilidades e qualquer lógica.
Aí esse pessoal vem falar em detalhes, caramba, será que somente a Unidos não erra? Será que somente a Unidos faz desfiles perfeitos? Será que de quatro escolas somente a direção da Unidos é eficiente? Será que todas as diretorias das outras escolas são compostas por incompetentes e relapsos?
Para que a Unidos justificasse tantas vitórias consecutivas seria preciso que as respostas a todas estas perguntas acima fosse SIM!!!
Agora a pergunta é: Vale a pena ganhar nestas condições? Vejam, não existe prêmio em dinheiro para os integrantes da escola de samba que recebe o troféu de campeã do carnaval tucuruiense, o premio na verdade é a satisfação do reconhecimento público do trabalho, da criatividade, do esforço e da garra dos integrantes da escola, e acima de tudo, o reconhecimento público de que a escola fez o melhor desfile.
Para quem é feito o desfile das escolas de samba? Para o presidente da liga? Para os empresários locais? Para os jurados? Ou não é nada disso e na verdade o desfile é para o povo?
Muitas e muitas vezes a Unidos realmente (em nossa opinião e na opinião da maioria da população), mereceu ganhar, outras não, mas ganhou todas, ou proporcionalmente quase todas.
Agora vejam a situação do verdadeiro amante da Unidos de Tucuruí, aquele cidadão que veste a camisa, gasta dinheiro e tempo para que a sua escola seja campeã, e depois tem que passar pelo constrangimento de ter o resultado do desfile questionado moralmente pela população? Talvez este tipo de vitória satisfaça o ego e o orgulho da direção da escola e seus financiadores, mas como se sente às pessoas sérias que amam a sua escola?
O fato é que a Unidos é considerada uma Escola de Samba de elite dos empresários de Tucuruí e uma escola que ganha a qualquer custo, ou seja, a vilã do carnaval. Se isso reflete a realidade são outros quinhentos, não sabemos e não somos nós que vamos julgar, mas a realidade é esta, é esta a imagem da escola para a maioria dos tucuruienses, é só ouvir a voz das ruas.
E diante desta realidade, ser campeã nestas condições será que vale a pena? O que se ganha com isso? O desprezo e a desconfiança da opinião pública? Uma vitória sem glória e sem reconhecimento público? Alguns medíocres podem se contentar com isso, mas a maioria não, incluindo os integrantes sérios da própria Unidos.
E a situação das outras escolas, em que seus integrantes suam a camisa, trabalham, gastam seu dinheiro, seu tempo, se dedicam, e para quê? Para disputar o segundo lugar, por que o primeiro já tem dono? Os jaqueirences quebraram o troféu de segundo lugar em plena escadaria em sinal de protesto, e para mostrar que este troféu não tem qualquer valor para eles e não representa moralmente o resultado do desfile.
É inegável que alguma coisa está errada, só um cego e alguém de má fé não percebe ou finge que não percebe isso. Mas como resolver esta situação? Bom, para começar por que não colocar uma nova diretoria e sangue novo na Liga das Escolas de Samba? Por que não promover um amplo debate sobre os problemas das escolas de samba em Tucuruí? Mas que seja um debate democrático, não só dos cartolas, mas que envolva toda a comunidade.
O carnaval em Tucuruí só vai melhorar e ter credibilidade quando os interesses estiverem voltados para a beleza e para o espetáculo do carnaval, e quando o objetivo do desfile for deslumbrar e trazer a alegria para o povo de Tucuruí e para os nossos visitantes.
Está na hora do carnaval de Tucuruí deixar de ser uma disputa política, uma disputa de egos, uma disputa de poder econômico e uma luta de classe social disfarçada.
Nós acreditamos em Tucuruí, nós acreditamos no nosso carnaval, mas só vamos conseguir resolver os problemas dos desfiles em Tucuruí quando em primeiro lugar reconhecermos que alguma coisa está errada e que é preciso mudar, e depois procurar soluções democráticas que envolvam toda a comunidade.