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domingo 31 2013

Lista da CPT aponta Roquevam de Tucuruí, como uma das 38 pessoas ameaçadas de morte atualmente no sul e sudeste do Pará.

Situação de ameaçados do Pará é grave 

Pelo menos 38 pessoas no sul e sudeste do Estado amanhecem o dia com a real sensação que pode ser o último. 
    
São pessoas marcadas para morrer, de acordo com a lista de ameaçados de morte feita pela Comissão Pastoral da Terra (CPT) a partir de levantamentos realizados nos municípios paraenses. 
    
São lideranças sindicais ou trabalhadores rurais que vivem sob ameaça constante e que passaram a ter mais receio em relação à própria vida depois do assassinato em 2011 do casal de extrativistas José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo da Silva, em Nova Ipixuna. Finalizado em agosto de 2012, o levantamento da CPT é o mais recente a respeito de ameaças de morte em consequência da luta pela posse da terra e mostra que a violência no campo ainda é palavra de ordem no lado de baixo do mapa do Pará. 
    
O assassinato de José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo da Silva é o capítulo mais recente do histórico de violência agrária no Pará. Nos próximos dias 3 e 4 de abril, José Rodrigues, Lindonjonson Silva e Alberto Lopes irão a júri popular, em Marabá, por serem acusados de ter envolvimento direto na morte dos extrativistas. Rodrigues é acusado de ser o mandante do crime, já Lindonjonson e Alberto são apontados como os executores do assassinato. 
    
É mais um caso de morte anunciada no campo, já que pelo menos dez anos antes de serem emboscados José e Maria denunciavam extração ilegal de madeira em Nova Ipixuna e se diziam ameaçados de morte. 
     
“Diversos trabalhadores rurais e lideranças ameaçadas de morte fazem parte dos acampamentos de famílias sem-terras que reivindicam terras públicas ilegalmente ocupadas por fazendeiros e madeireiros. No sul e sudeste do Pará, são milhões de hectares de terras criminosamente grilados ou ocupados ilegalmente por latifundiários. As respostas que os trabalhadores rurais e suas lideranças têm recebido quando pressionam a liberação dessas áreas para a reforma agrária tem sido as ameaças e mortes por parte dos grileiros e ocupantes ilegais”, diz o advogado José Batista Afonso, da Comissão Pastoral da Terra. 
     
Não é uma situação isolada. O número de ativistas ameaçados no país aumentou de 125 para 347 entre 2010 e 2011, segundo o relatório Conflitos no Campo Brasil. Somente em um ano, o número de ativistas ameaçados no país aumentou 177,6%. A CPT diz que a situação é particularmente grave no Estado do Pará. 
    
Segundo o Relatório de Investigação 2005 da Federação Internacional de Direitos Humanos (FIDH), o Estado representa 40% da superfície total desmatada no Brasil, e tem as taxas mais altas do país, tanto de escravidão como de ameaças a defensores dos direitos humanos. Doze dos 29 assassinatos de ativistas rurais brasileiros em 2011 ocorreram em solo paraense, garante a CPT. 
    
ISOLADOS 
    
De acordo com os Cadernos de Conflitos no Campo, nos últimos 10 anos 692 pessoas foram ameaçadas de morte no Estado do Pará. A maioria dessas ameaças no sul e sudeste do Estado. “Esse número, embora alto, não representa a totalidade das pessoas vítimas desse tipo de violência no campo. 
    
Muitos casos não são registrados porque as vítimas se encontram em municípios isolados ou em regiões que não têm a presença da CPT ou de outras entidades de defesa dos direitos humanos que possa fazer o registro das ameaças”, diz José Batista Afonso. 
    
Em São Félix do Xingu, Juvêncio Coelho da Luz tem medo da escuridão e tem uma bala no peito como companheira diária. Membro do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de São Félix, é assentado pelo Incra desde 2004. Em 2011 recebeu uma proposta de compra da terra. Juvêncio recusou. Poucos dias depois enquanto roçava o pasto recebeu um tiro de revólver, calibre 32. 
    
A bala continua alojada no peito. Juvêncio Coelho da Luz registrou o ocorrido na Delegacia de Polícia de São Felix do Xingu, mas nenhuma providência efetiva foi tomada por parte da polícia. O agricultor mora atualmente na vila do Projeto de Assentamento Sudoeste, sem poder retornar ao próprio lote por medo de ser assassinado. Depois de baleado, vem sendo avisado do risco que corre. 
     
Em Tucuruí, Roquevam Alves Silva é uma das lideranças do grupo Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB). As ameaças de morte sofridas por ele têm sido especificamente por denúncias feitas contra madeireiros de Tucuruí que extraem e vendem ilegalmente madeira nas ilhas do Lago da Usina Hidrelétrica de Tucuruí (UHT) e nas áreas de terra firme no entorno. 
    
Depois das denúncias feitas por Roquevam Silva, madeireiros tiveram madeiras, balsas e equipamentos apreendidos pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente e foram intimados pela Delegacia de Polícia Civil de Tucuruí. A partir daí, a vida de Roquevam virou de ponta cabeça. Teve a casa incendiada duas vezes e escapou de uma tentativa de homicídio. É o preço que vem pagando pela militância. “Perdi a liberdade. Me sinto inseguro, achando que a qualquer hora posso ser assassinado”. 
    
O medo de Roquevam não é infundado. A história mostra que no sul e sudeste do Pará, ameaça de morte costuma ser promessa cumprida. 
    
(Diário do Pará)
     

sábado 30 2013

Enquete UOL pergunta: Feliciano deve continuar na Presidência da CDHM?

"Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! Entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus.
Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? E em teu nome não expulsamos demônios? E em teu nome não fizemos muitas maravilhas?
E então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade.
Mateus 7:21-23"
   
O Portal brasileiro com maior audiência no País, o UOL está promovendo uma enquete para saber a opinião dos internautas sobre a eleição do deputado federal e pastor Marco Feliciano (PSC) à presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) da Câmara. 

   
Acusado de racismo e homofobia, Feliciano está à frente da comissão que luta justamente em defesa, entre outras minorias, dos negros e homossexuais. 
    
Em sua enquete, o UOL questiona: “O que você acha de o deputado pastor Marco Feliciano ser presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara?”. As alternativas de respostas à pergunta são: “Sou a favor”, “Sou contra” e “Sou indiferente”. 
    
Até o momento em que escrevemos esta matéria o resultado era o seguinte: 
   
Sou contra: 72,45%. 
Sou a favor: 26,06%. 
Sou indiferente: 1,49%. 
   
Para votar também, Clique aqui.
   
Em nossa opinião o único beneficiado com esta "guerra santa" ressuscitada da idade média, é o próprio Feliciano que capitaliza os votos dos radicais fundamentalistas cristãos, dos racistas e dos homofóbicos, que embora sejam minoria, têm votos suficientes para turbinar a carreira política do Feliciano como deputado, embora não passe disso ele garante a sua reeleição e deve aumentar o número de votos com esta pantomima. Coisa de político "profissional" brasileiro. 
   
Nesta verdadeira ópera bufa protagonizada pelo Deputado Feliciano (PSC), um radical extremista cristão, a imagem do Congresso Nacional e do próprio PSC estão sendo desgastadas, assim como deve aumentar em muito na sociedade, principalmente entre os jovens, o preconceito contra os Pastores Evangélicos e contra os evangélicos como um todo. 
   
Os evangélicos tem feito um trabalho fenomenal e muito importante com a reabilitação de pessoas marginalizadas e dominadas pelo crime e pelas drogas, isso é indiscutível. No entanto é lamentável o desserviço que estes radicais extremistas estão fazendo à imagem dos evangélicos como pessoas de bem, pacíficas e dedicadas a ajudar o próximo, servindo a Deus sem esperar reconhecimento ou recompensa, estes são os verdadeiros cristãos, os que verdadeiramente entenderam a mensagem do Cristo. 
   
A ala radical evangélica está cometendo o mesmo erro da Igreja Católica, ao não acompanhar a evolução intelectual e as mudanças nos costumes provocadas pelo maior acesso da população a educação e a informação, assim como mudanças provocadas pela integração dos povos através da globalização. 
   
A humanidade está mais evoluída e hoje não aceita mais o radicalismo político e religioso, todos temos que forçosamente aprender a conviver com as diferenças e aceitar a diversidade cultural e de pensamento político, religioso e filosófico. 
   
Todos os grandes ícones das grandes religiões em todos os tempos (sem exceção), incluindo Jesus Cristo, pregaram a tolerância e o amor ao próximo. Quem ama não julga, não acusa e nem critica, quem ama o seu próximo o aceita como ele é, com erros e defeitos até porque quem não os tem? Aquele que for perfeito que atire a primeira pedra. 
   
Cristo nasceu em uma manjedoura, protegeu e salvou a prostituta da morte, foi crucificado e executado como um bandido entre dois ladrões, tudo para nos mostrar que o preconceito e a intolerância não condizem com a atitude que deve ter uma pessoa de bem, e principalmente uma pessoa que ama verdadeiramente a Deus e ao seu próximo. Em nenhum momento Cristo julgou ou amaldiçoou os seus algozes, muito pelo contrário, pediu a Deus que os perdoassem. Será possível que ninguém entendeu a mensagem? 
   
Um cristão verdadeiro não pode concordar com o preconceito e com a intolerância para com seu irmão em Deus, atitudes estas incompatíveis com os ensinamentos de Jesus Cristo. Se você acredita que por ser cristão tem o direito de perseguir e julgar os seus irmãos que pensam diferente de você, estará dando o mesmo direito e razão aos radicais de outras religiões que perseguem os cristãos em outros países em que os cristãos são minoria. 
   
Se não dermos um basta a este círculo vicioso de fanatismo e intolerância, as pessoas continuarão a sofrer, a serem presas, torturadas e mortas, simplesmente por pensar de forma diferente. Os cristãos continuarão a serem perseguidos e a perseguirem, a matar e serem mortos, será que isso é a vontade de Deus? Desde quando o verdadeiro Deus divide nações e joga irmão contra irmão? 
   
Pensem nisso... 
   

quarta-feira 27 2013

Caso de polícia - Cinco idosos morrem em 48 h no Hospital Regional de Tucuruí


    
Fecharam o matadouro de Tucuruí por falta de condições sanitárias e pelo risco de contaminação provocado pelo descaso para com a saúde pública em Tucuruí.
     
No entanto outro matadouro está em pleno funcionamento, trata-se do Hospital Regional de Tucuruí que se tornou uma antessala da morte, com várias denúncias de falta de medicamentos, leitos, condições de trabalho para os funcionários e recentemente infecção hospitalar.
      
Quem adentra o HRT está colocando a sua vida e a sua saúde em risco. 
    
O Jornal de Tucuruí denuncia a morte de cinco idosos em apenas 48 horas no HRT. Leia a matéria do JT clicando aqui.
     
E agora...
     
Quem poderá nos defender???
    
Só Jesus na causa, pois os responsáveis por esta calamidade se consideram acima da Lei. 
    
E em nossa opinião... 
    
Estão mesmo!!!
          

terça-feira 26 2013

O cisco no olho alheio.


A obediência cega

A dor do outro e a nossa obediência 
   
Há 50 anos, o psicólogo social Stanley Milgram mostrava o quanto estamos dispostos a cometer ações atrozes sob o mando de uma autoridade 
   
Alessandro Greco - colunista do iG 
   
    
Imagem mostra como foi conduzido o experimento Milgram: autoridade é mais forte que convicções morais 
    
Há 50 anos, o psicólogo social americano Stanley Milgram publicou um artigo que chocou o mundo. Intitulado “ Behavioral Study of Obedience ”, o texto descrevia como 40 homens haviam participado de uma pesquisa e aplicado choques quase mortais em completos desconhecidos apenas porque um “cientista” – que eles também não conheciam – dava ordens para que fossem sempre em frente. 
    
O que aparentava ser uma sessão de tortura era, em verdade, um experimento científico com o objetivo de entender até que ponto uma pessoa comum, sem traços violentos, seria capaz de cometer atrocidades sob mando de uma autoridade (o “cientista”). 
   
Os choques eram de mentira e os que recebiam o choque estavam, juntamente com os “cientistas”, a serviço do experimento. Apenas os que aplicavam os choques não sabiam o que se passava. Os resultados foram absolutamente surpreendentes. Dos 40 participantes, 26 (65%) aplicaram a carga máxima em seus choques (450 volts), apesar de suas "vítimas" terem implorado para que parassem. O experimento foi replicado diversas vezes e o número se manteve por volta de 65%, inclusive em testes em outros países 
   
Antes de fazer o experimento Milgram fez uma pesquisa com alunos de Psicologia da Universidade de Yale, nos Estados Unidos, onde era professor assistente. Nela, perguntou a 14 deles qual o choque máximo que seria dado em um experimento com 100 pessoas. A média das respostas foi que apenas 1,2% chegariam a 450 volts – ou seja, 1 em cada 100. Milgram fez ainda o mesmo com psiquiatras de uma escola de medicina. O resultado: apenas 3,73% daria um choque acima de 300 volts e um número ínfimo, cerca de 0,1%, chegaria ao valor máximo de 450 volts. 
   
A hipótese de Milgram era de que uma pessoa submetida à pressão da autoridade tem a tendência de simplesmente obedecer. “As pessoas aprendem desde crianças que é uma falha moral grave machucar alguém contra a vontade. Mesmo assim, 26 delas abandonaram este princípio ao seguir as instruções de uma autoridade que não tinha nenhum poder especial para fazer com que suas ordens fossem seguidas. 
    
Desobedecê-la não traria nenhum dano material para estas pessoas, não haveria nenhuma punição. Ficou claro pelos comentários e comportamento de muitas dessas pessoas [que deram os choques] que ao punir as vítimas elas estavam agindo contra seus valores. Elas expressaram frequentemente uma desaprovação profunda em dar choques em um homem apesar das suas reclamações e outras delataram a estupidez e a falta de sentido neste ato. Mesmo assim a maioria seguiu as ordens”, afirmou Milgram no artigo. 
   
A complexidade dos resultados obtidos por Milgram pode ser vista muito na vida diária e, em especial, em situações limite como a que viveu o mundo durante a Segunda Guerra Mundial. Nela, as atrocidades cometidas em nome da obediência a um líder durante o período nazista resultaram em alguns dos maiores crimes contra a humanidade. 
   
Mas a questão não é a obediência em si, mas o que se faz com ela (ou em nome de que ela é utilizada). “...não se deve pensar que todos os atos de obediência contenha atos de agressividade contra outros. A obediência serve a inúmeras funções produtivas. Na verdade, a vida em sociedade é baseada en sua existência. A obediência pode enobrecer e ser educativa e estar ligada a atos de caridade e bondade assim como de destruição”, afirma Milgram no artigo. 
   
Talvez o maior valor do experimento de Milgram esteja no fato de ele ter feito emergir um debate fundamental sobre a condição humana: o quanto nossos valores pessoais realmente guiam nossas atitudes no mundo real quando estamos sob o mando de uma “autoridade”. Afinal, na vida, na maior parte do tempo há uma “autoridade” acima de nós – seja no campo pessoal, profissional ou espiritual. Cabe a cada um de nós perguntar: o que eu faço com isso? 
   
*Alessandro Barros Greco é jornalista e engenheiro mecânico pela POLI-USP. Escreve sobre ciência desde 1998. Acredita que falar sobre ela ajuda as pessoas a viver melhor. Foi o terceiro brasileiro a receber a bolsa Knight Science Journalism Fellowship do Massachusetts Institute of Technology (MIT).