Os presidenciáveis Aécio Neves, Dilma Rousseff e Eduardo Campos. |
Banda-larga e popularização das redes sociais são terreno fértil para a propagação de mentiras, compartilhadas por eleitores mais comprometidos com a polêmica do que com a verdade
Terrorista, Dilma Rousseff também é antirreligiosa. Já Eduardo Campos (PSB) vai privatizar o Banco do Brasil e Aécio Neves (PSDB) não quer os votos dos professores. Embora preceda a internet, a boataria envolvendo a vida dos principais candidatos a presidente do Brasil promete extrapolar os limites nas eleições deste ano – tempos de popularização da banda-larga e da disposição de alguns eleitores em propagar histórias que estejam mais de acordo com suas convicções políticas do que com a credibilidade da informação.
Os boatos sempre aparecem em ano de escolher presidente. Na campanha de 1989, o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva foi acusado de ligação com o sequestro do empresário Abílio Diniz apenas porque um dos sequestradores foi visto usando uma camiseta do PT. Quem reclamava de boato quatro anos antes era Fernando Henrique Cardoso, que perdeu a campanha para prefeito de São Paulo em 1985 contra Jânio Quadros, que aproveitou a resposta evasiva de FHC sobre sua fé para espalhar a história de que ele era ateu, assunto que que saiu do controle naquela campanha.
Mas desde que a internet ganhou popularidade na última década, os boatos eleitorais ganharam ainda mais alcance, como a que alertava para a privatização da Petrobras que Geraldo Alckmin (PSDB) providenciaria se vencesse Lula na campanha presidencial de 2006. Em 2010, a então candidata Dilma precisou ir a publico desmentir uma frase atribuída a ela na internet segundo a qual “nem Jesus Cristo” lhe tiraria a vitória.
Naquele mesmo ano, o adversário José Serra (PSDB) se viu em apuros para desmentir a história de que acabaria com o programa Bolsa Família se terminasse eleito. “Foi um problema muito sério e piorou muito com a divulgação pelas redes sociais. Muita gente também repassou a desinformação por e-mail, mas o Facebook e o Twitter foram os principais meios de repasse”, recorda-se Paulo Rebêlo, diretor da Paradox Zero, agência especializada em tecnologia, comunicação e política.
Mas dessa vez o alcance das redes sociais é ainda maior. O site especializado scup.com , por exemplo, reuniu as menções aos principais candidatos a presidente nas redes sociais desde março último. Nele, Aécio é mencionado 278.848 vezes no Twitter, 65.342 no Facebook e 37 vezes no Instagram. Dilma inverte a estatística e é comentada mais no Facebook: 117.557 menções, além das 35.947 citações no Twitter e 5.741 na rede social de fotos. Eduardo Campos foi lembrado 65.781 vezes no Facebook, 19.154 no Twitter e 816 no Instagram.
Este ano a boataria ganhou o noticiário a partir do Facebook, quando, no fim do mês passado, a página TV Revolta angariou mais de 3,6 milhões de fãs relacionando o PT a notícias falsas. No dia 15 de maio, o boato era de que o primeiro ministro da China, Wen Jiabao, teria distribuído conselhos administrativos à Dilma durante uma visita ao Brasil.
A polêmica da página só deu lugar à outra, dessa vez envolvendo a famosa Dilma Bolada, administrada por Jeferson Monteiro. O rapaz, de 24 anos, acusou uma agência de publicidade contratada pelo PSDB de oferecer-lhe R$ 500 mil para mudar de lado e começar a criar boatos contra o governo federal. “A disseminação de histórias mentirosas pelas redes sociais é um fenômeno mundial, não é exclusivo do Brasil”, diz Rebêlo. Leia a matéria completa.
Fonte: ultimosegundo.ig.com.br/