Conheci uma cidade do umbral na primeira manhã do novo ano.
Na manhã do ano novo fui levado para conhecer uma cidade do umbral, ao que parece é uma cidade bem próxima do mundo material.
Digo isso porque tanto a cidade que visitei, como seus habitantes, vestes e costumes são muito parecidos com os deste mundo.
Não era o umbral denso, pois havia a luminosidade do sol, se bem que com uma luz meio amarelada e menos intensa mas o dia estava bom e claro, não havia abismos, seres monstruosos, tempestades, pântanos e nem seres sofredores vagando, é uma cidade comum, portanto, tem uma vibração semelhante a uma cidade normal.
No entanto, sua vibração me parecia mais deprimente que uma cidade comum e a população um pouco confusa, é difícil explicar pois a diferença é muito sutil, mas existe diferença.
Os habitantes desta cidade sabiam que não estavam encarnados, no entanto, viviam e agiam como se estivessem no mundo material, achei isso estranho, eles tentam levar uma vida material no mundo espiritual, eu acho que é isso que me passou a impressão de um certo alheamento e uma obcessão por levar uma vida material.
Eles insistem em manter uma realidade que na verdade não existe, isso a meu ver, é que os mantém no umbral os impedindo de passar para o mundo espiritual, suas mentes estão presas entre dois mundos. Mas eles não percebem isso, ou fingem não perceber, é muito triste.
Acredito que com o tempo se cansarão desta situação, e ela se tornará tão insuportável que procurarão ajuda. E se procurarem vão encontrar, pois não estão abandonados.
Eles me pareceram muito apegados a sua vida e a seus afazeres materiais e estão tão absorvidos pela matéria e obsecados pela vida que deixaram, que não tem a noção de suas possibilidades como espíritos livres.
No umbral os espíritos ficam confusos e obcecados tentando viver como se estivessem no mundo material, eu via tudo de forma natural como se estivesse em uma cidade normal, não sei porquê pois tinha algo estranho, talvez a influência do umbral tenha me afetado, pensei que a cidade fosse Goiânia, uma cidade em que viví uma boa parte da minha vida.
Só depois que acordei e passou a perturbação eu percebi que na verdade eu estava em uma cidade do umbral ligada ao Brasil, pois tudo era familiar, até as pessoas e a língua falada.
Se eu fosse um asiático, provavelmente seria atraído para uma cidade do umbral parecida com um cidade asiática conhecida, o que é perfeitamente lógico, pois as cidades do mundo espiritual, assim como as nossas no mundo material, são criações da mente humana, portanto, é lógico que estas cidades sigam os mesmos padrões dos seus habitantes.
Conforme a humanidade evolui estes padrões vão se tornando uniformes, diminuindo até cessarem as diferenças, já que as diferenças se devem à inferioridade espiritual e a influência da matéria.
Continuando, eu me sentia perdido, mas acreditava estar em Goiânia e pedia as pessoas para me indicar o caminho para o centro da cidade, onde poderia me orientar.
As pessoas me olhavam como se a minha pergunta fosse absurda, com um olhar surpreso e ao mesmo tempo divertido, como se olhassem para um bêbado que falasse coisas sem nexo, e eu pensava que eram burras pois não sabiam qual rua levava ao centro da cidade que moravam.
Certamente eles sabiam que eu era um encarnado e se divertiam com a minha confusão, e quando eu insistia para que me indicassem o centro da cidade e a Praça do Bandeirante onde eu pudesse me localizar eles diziam que não sabiam onde era, o que me deixava irritado.
Assim eu continuei andando e perguntando para as pessoas onde era o centro da cidade e a tal praça, até que entrei em um beco e fiz a pergunta a um homem que ia passando e ele me deu uma resposta semelhante, mas percebi que ele me olhava de um jeito estranho e me disse que estava com fome passando a mão pelo seu estômago.
Então eu reparei que este homem era muito esquisito, tinha a pele marrom esverdeada parecendo um cadáver ressecado, sentí que ele queria me roubar e tentei fugir, mas ele me alcançou e começamos a lutar, sentí que eu era mais forte que ele e podia lhe machucar, mas mesmo assim ele grudava em mim e eu não conseguia o afastar.
Nesta hora voltei para o corpo e acordei, muito cansado, com uma sensação de depressão, tristeza e com uma energia ruim.
Sei que não foi um pesadelo, pois apesar de não ter percebido que eu estava fora do corpo e no umbral, eu estava lúcido, o ambiente era normal e estava de dia, fora o vampiro espiritual tentando roubar minha energia, tudo era exatamente igual ao mundo material.
Esta energia negativa me afetou durante toda a manhã, eu sabia que estive em uma cidade do umbral e tinha a impressão de que iria morar lá quando desencarnasse e isso me deixava muito deprimido.
Foi aí que recobrei a lucidez e percebi que estava sendo assediado e vampririzado, provavelmente pelo mesmo espírito que eu havia encontrado, então reagi e lhe disse que estava de olho nele e que eu sabia o que ele estava fazendo, lhe disse que ele estava mentindo, eu não ficaria naquela cidade porque não sou um materialista obcecado e não gostei daquela cidade, portanto minha vibração era incompatível com aquele ambiente.
Quando eu disse isso sentí alguns arrepios, provavelmente o espírito ficou com muito ódio de ter sido pego no assédio, e eu senti sua vibração em minha aura, então me esforcei para elevar a minha vibração com bons pensamentos e acendí incensos pela casa, o que elevou a vibração do ambiente me desconectando dos habitantes do umbral.
Eu com certeza tive uma projeção astral semi-lúcida e recuperei toda a minha experiência e tudo o que aconteceu no astral com muita clareza, diferente do sonho comum.
Certamente, mesmo que sem perceber, nesta viagem pelo umbral, eu estava sendo acompanhado pelo meu mentor, esta provavelmente foi uma lição e um teste para ver como me sairia sozinho no umbral, e como eu me sairia em um confronto direto com um vampiro espiritual.
Acredito que a experiência foi positiva, ela mostrou algumas falhas em mim, uma foi a minha incapacidade de manter a plena lucidez e de perceber que estava fora do corpo.
A outra falha foi não ter colocado em prática os conhecimentos sobre como agir quando confrontado no astral com espíritos maus.
Eu jamais poderia ter me entregado ao medo e fugido, pois o medo nos torna uma vítima, quanto mais sentimos medo, mais os espíritos inferiores nos atacam e subjugam, por isso eles costumam se apresentar como demônios ou monstros, é para amedrontar, mas na realidade são pessoas como eu e você só que usando "fantasias", não tem porque sentir medo.
Além do medo, eles se aproveitam também da nossa culpa, remorço ou baixa auto-estima para nos dominar. Na verdade eles se aproveitam de todo pensamento, sentimento e emoções negativas para nos dominar e vampirizar, nossa energia é disputada e preciosa no umbral.
É preciso praticar muito o desapego, a auto-estima e o equlibrio interior para não ser aprisionado pela energia do umbral, e a única forma de evitar isso é mantendo a auto-confiança, auto-estima, amor no coração, equilíbrio, mantendo uma frequencia alta o mais tempo que puder.
Como estamos no umbral e aprisionados em um corpo material, manter a alta frequência o tempo todo é impossível, a própria psicosfera do umbral ao nosso redor dificulta muito manter uma frequência mais elevada, mesmo espíritos elevados quando encarnados, e portanto sendo forçados a viver no umbral, mesmo eles, tem momentos em que sua vibração baixa, o segredo é sempre que isso acontecer, recuperar o equilíbrio e elevar a nossa vibração o mais rápido possível.
É por isso que o exílio dos habitantes do umbral é necessário, para que a terra passe a ser um mundo de regeneração, pois a influência do umbral denso prejudica esta transformação, por isso existe a transição planetária, que pode durar de algumas décadas a um século, talvez até mais, pois durante a transição todos os habitantes do umbral terão a chance de permanecer na terra.
Deus é amor e dará a todos a chance de permanecer na nova terra, ele não quer separar os exilados dos seres queridos que permanecerão na terra regenerada.
Mas muitos terão que partir, no entanto, os que forem exilados também terão novas chances conforme adquirirem merecimento no futuro, pois nenhuma ovelha se perderá.
Namastê