A última pesquisa de opinião sobre as candidaturas Dilma Roussef (PT) e José Serra (PSDB) à Presidência da República chacoalhou os ninhos tucanos, do Arroio Chuí ao Oiapoque, com epicentro em alguns escritórios uolistritianos da Paulista. A escala da chacoalhada levou alguns cardeais acreditarem que só resta apelar a SS o Papa.
A referência, porém, não diz respeito a Roma e sim a Fernando Henrique Cardoso. Segundo essa corrente episcopal apenas a entrada do Príncipe dos Sociólogos na campanha, com os pés devidamente chumbado em sandálias de humildade (digo eu), pode reverter a consolidação de estacionamento por falta de combustível da candidatura Serra, mais que evidente no histórico das pesquisas até então realizadas.
Outra questão discutida é pressionar o governador mineiro Aécio Neves para assumir a candidatura de vice na chapa paulista, reeditando a histórica aliança café-com-leite que expressa o arcaísmo de uma política ancorada no tempo do Brasil Colônia, Império e República Velha, que caudilhismo varguista detonou na década de 30, no século XX, lembrando a seus pares na elite da época que o Brasil tinha outros donos além
do baronato cafeicultor e leiteiro. Talvez por isso há quem avalie que a tomada dessa decisão em tempos atuais deve ser pensada com mais cautela devido tanto à questões de controle partidário quanto aos humores aliados.
A confusão é tanta que há quem especule que após os resultados dessa eleição PSDB e DEM formarão um novo partido, que trará alguma suavidade no discurso neoliberal com a incorporação de considerações neokeynesianas ou menos tatcherianas, ao modo como sugeriu o atual primeiro ministro inglês do Partido Liberal, ao dizer na porta de Downing Street 10 que a vida não é feita só de dinheiro.
As palavras ditas pelo inglês ribombearam entre as paredes dos templos neoliberais brasileiros, que só não assumem agora a virada circunstancial porque o passivo do PSDB em termo de políticas sociais é crítico de resultados. Soaria ao eleitorado, especialmente porque agora existe um quadro comparativo, como um sintoma a mais do desespero: o de virar a casaca em cima da hora.