 |
| Poder. |
É interessante ver o teatro que é a política neste país. Os políticos armam situações, criam personagens e ilusões e o povo aplaude e ainda paga para ser iludido.
Um exemplo gritante foi o que aconteceu na política tucuruiense. Armaram um teatro em que na peça o personagem que é o prefeito competente e trabalhador combatia as forças do mal representada pelo PT, que não se cansava de atrapalhar a sua administração.
Enquanto isso o mesmo partido quando no governo do Estado e no Governo Federal não mediram esforços e fizeram investimentos maciços em Tucuruí, e o mais importante, permitiram que o prefeito capitalizasse politicamente estes investimentos.
Nas eleições para Governador e Presidente, o petista Paulo Rocha um dos mais influentes dentro do PT estadual, apoiou abertamente o prefeito Sancler (PPS) e foi apoiado por este em sua campanha a Senador. O prefeito chegou a fazer uma festa em homenagem ao petista quando o mesmo era candidato ao Senado.
Quando da inauguração do Navega Pará, URE e UPA (entre outras obras), os representantes petistas, incluindo um Ministro de Estado (na inauguração da UPA), mesmo percebendo que os prédios foram pintados com a cor do partido do prefeito e não tinham qualquer indicação de que havia recursos estaduais e federais nas obras e que as mesmas estavam sendo usadas com objetivo político, teceram elogios e homenagens ao prefeito, ‘’reconhecendo’’ a sua competência e empreendedorismo. Inclusive o discurso do Ministro digno de um legítimo cabo eleitoral, foi usado na campanha do prefeito.
Não estamos aqui dizendo que o Sancler é um mau prefeito, pelo menos para a maioria da população da cidade ficou óbvio nestas eleições que não, a maioria acha que Sancler é um bom prefeito e o reelegeu.
Também não estamos aqui pretendendo questionar os méritos do prefeito e a decisão da maioria, queremos aqui mostrar que a quase totalidade das obras e projetos do prefeito em Tucuruí, contaram com recursos dos Governos Estadual e Federal, mesmo estes governos sendo administrados por um partido aparentemente de oposição ao prefeito de Tucuruí.
Esta conversa de desavença política entre PT e PPS não passa de balela. Nos parágrafos anteriores já demonstramos isso (Se PPS e PT são adversários e se ajudam tanto, se não fossem adversários seriam amantes), vamos citar apenas mais dois exemplos da amizade e ajuda mútua. Enquanto em Tucuruí o PPS e o PT se “engalfinhavam”, o PT em Repartimento apoiava a candidatura da Sogra do Sancler, já em Marabá o PT é vice do prefeito eleito João Salame do PPS.
Para a elite dos políticos profissionais, o antagonismo e a rivalidade política existem ou deixam de existir de acordo com os seus interesses pessoais e políticos. Ou seja, estão todos no mesmo barco e fazem parte de um grupo profissional com um fortíssimo espírito corporativo, além do mais estão TODOS de alguma forma ou de outra, por motivos confessáveis e inconfessáveis, ligados e presos uns aos outros, de forma que se um cair cai todos, ou pelo menos “quase” todos.
No caso de Tucuruí, de uma forma ou de outra, abertamente ou não, todas as forças hoje convergem em benefício do Prefeito Sancler. Aparentemente ele conseguiu agradar a TODOS os que poderiam REALMENTE lhe impedir de se manter no cargo e de se reeleger. Sancler também prudentemente nunca ameaçou fazer auditorias em mandatos anteriores na Prefeitura.
O prefeito Sancler está onde está e como está, porque todas as forças políticas que o poderia confrontar estão satisfeitas com ele no poder pois lhes é conveniente, esta é a mais pura verdade, pode os Tufões da política não acreditar, mas esta é a realidade.
O prefeito Sancler vai se perpetuar no poder em Tucuruí ainda por muitos anos, ou pelo menos enquanto mantiver a sua habilidade em agradar e não ameaçar as forças políticas que tem capacidade e poder para contê-lo.
Enquanto a sua permanência no poder for conveniente aos chefões da política no Estado e em Brasília, o controle absoluto que ele tem na cidade vai se manter, o povo é só um detalhe, e um coadjuvante nesta peça teatral que é a política. A decisão sobre a política em Tucuruí é na verdade tomada nos gabinetes em Belém.
Nenhum outro prefeito em Tucuruí teve o controle e o poder que o Sancler tem hoje, não é à toa que se reelegeu e que fez a Câmara Municipal dos sonhos de qualquer prefeito.
Desde que se mantenha na linha e não saia do script que ele conhece tão bem, seu poder em Tucuruí será absoluto (Absoluto literalmente). É claro que de vez em quando alguma bronca vai surgir, mas somente quando for preciso lembrar ao prefeito que o seu poder não é ilimitado e que ele depende de “vontades e interesses” superiores.
Contando com a votação de mais da metade da população, com uma Câmara a seu gosto e sem predadores políticos capazes de lhe ameaçar, Sancler está voando em céu de brigadeiro e pode exercer o poder sem limites, controle e restrições de qualquer espécie.
Não existe mais oposição ao prefeito Sancler em Tucuruí (se é que já existiu de fato), o único problema para o prefeito, agora sem inimigos externos, será lidar com as conspirações, ambições e vaidades pessoais dos seus próprios aliados. Também vai ter que lidar com os baba-ovos profissionais e criar milhares de empregos públicos. Com isso tirem o cavalinho da chuva, aqueles que esperam por concurso público na prefeitura de Tucuruí.
A política em Tucuruí que em toda a sua história sempre esteve polarizada, agora será exercida por um “partido único”, e vai ser uma experiência inédita e muito interessante.
Só nos resta nos acomodarmos na cadeira, comprar um saco de pipoca e assistir o desenrolar do espetáculo, que acreditamos será muito interessante.
Vivacitê il democrazia!
