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segunda-feira 13 2014

Entenda porque as pesquisas estão "errando" tanto

Veiga pede penas pesadas contra fraudes
               

           
Pesquisas eleitorais feitas por Edir Veiga, do Instituto IVeiga, foram certeiras, e cientista revela que recusou dinheiro sobre resultado.
           
As eleições deste ano, colocaram, mais uma vez, no centro do debate, a credibilidade dos Institutos de Pesquisa. A maioria absoluta deles apontou resultados completamente diferente do revelado após a abertura das urnas. A exceção ficou por conta do Iveiga, instituto criado pelo cientista político Edir Veiga. Desde o início, Veiga apontava a liderança do candidato da oposição, Helder Barbalho, enquanto todos os outros davam ao candidato à reeleição ampla margem de vantagem, indo na contramão dos resultados eleitorais. Na entrevista a seguir, Edir comenta esses resultados díspares, explica como são feitas as pesquisas eleitorais e revela: sofreu pressão para mudar resultados. 
           
P: As pessoas sempre se perguntam, como é possível, ouvindo cerca de mil pessoas, saber como estão as intenções de voto em um Estado com o número de eleitores do Pará. Qual a mágica? 
        
R: Não é mágica, é metodologia científica. É a mesma metodologia que permite que você, tirando uma gota de sangue, possa ter uma visão geral de todo os 5 litros de sangue do corpo humano. Ou seja, você não precisa examinar os cinco litros de sangue para descobrir se uma pessoa está com uma virose, um ataque bacteriano, etc.
           
Assim para conhecermos as tendências eleitorais de uma cidade, de um estado ou de um país, não precisamos ouvir todos os cidadãos. Basta termos uma amostragem estatisticamente representativa e que seja o “clone” em miniatura de toda a sociedade.
           
De acordo com os preceitos legais, uma amostra representativa deve reproduzir uma série de segmentações sociais como por exemplo: Caso optemos por uma pesquisa com margem de erro de 3% para mais ou para menos, devemos entrevistar 1.200 pessoas e a escolha aleatória destas pessoas deve reproduzir todo as segmentações sociais apuradas pelo IBGE, como por exemplo: a proporção entre homem-mulher, a proporção correta de jovens, homens maduros e idosos. Reproduzir as faixas etárias dos eleitores. Níveis educacionais, analfabetos, ensino fundamental, ensino médio e ensino superior e assim por diante.
          
Caso consigamos construir com todo rigor esta amostragem, estamos credenciados a acertar, dentro da margem de erro o resultado da eleição. Note bem, o maior segredo do acerto está em tornar a coleta dos dados o mais aleatório possível, ou seja, o mais “espalhado” possível, para evitar “enviesamento” na coleta de dados, do tipo: “penetrar” sem querer em áreas de voto concentrado deste ou daquele candidato. Caso não haja este cuidado, aquele instituto é candidato a errar os resultados das eleições.
         
P: O que garante resultados de qualidade em uma pesquisa ?
          
R: O planejamento da pesquisa, a construção do questionário, evitando perguntas indutivas ao eleitor. Realização do pré-teste com até 5% dos entrevistados. O treinamento dos pesquisadores de campo. Coordenação atuante em atividade de campo. Rigor na busca de “espalhar” o máximo possível a coleta dos dados. Realizar uma checagem da coleta de dados, de forma rígida e representativa. Criticar os dados para corrigir possíveis enviesamentos. Nestas eleições detectamos e corrigimos enviesamentos em vários locais, anulamos as coletas e repetimos a pesquisa.
         
P: Desde as eleições para prefeito, há dois anos, seu instituto, bastante jovem, em relação aos demais, vem se destacando por conseguir se aproximar dos resultados das urnas e apontar tendências ainda no início do período eleitoral. Como isso tem sido possível? 
      
R: Não temos compromisso com tática de nenhum candidato. Temos compromisso com nossos achados científicos. Nestas eleições todos os institutos davam vantagem ao candidato Jatene e a Iveiga encontrava dados totalmente divergentes do Ibope, Sensus, Doxa, BMP e Perspectiva. Recebi pressões imensas. Fui acusado de “vendido”. Não entendi a lógica de meus algozes, afinal, se quisesse me vender, o endereço não seria a oposição. Este mesmo assédio moral sofri em 2010 quando apontei a vitória da oposição, representada pelo PSDB e Jatene, contra o PT e a ex governadora Ana Júlia. E digo mais, já recusei muita mala preta para mudar resultados de pesquisa.
         
P: Como o senhor avalia os resultados díspares nesta eleição? Os institutos não usam a mesma metodologia? Não deveriam chegar a resultados próximos? 
       
R: De fato, se os institutos usam a mesma metodologia deveriam chegar ao mesmo resultado. Mas tem fatores que podem alterar a perspectiva na aproximação dos resultados, como o momento da coleta dos dados ou sair da margem de erro prometida. Este erro é possível, na medida que qualquer pesquisa tem a probabilidade de erro total de até 5%. Ou seja, as pesquisas, metodologicamente corretas, caso repetidas 100 vezes, tendem a acertar 95% das vezes e errar 5% delas. Parece que todos os demais institutos caíram nesta margem de erro absoluto de 5%.
      
P: O senhor acredita que houve manipulação dos dados?
          
R: Não tenho elementos palpáveis para responder a esta pergunta.
         
P: O Ibope é um dos institutos mais antigos e mais conhecidos do País, mas no Pará tem cometido sucessivos erros de avaliação. O que pode explicar isso na sua opinião? 
           
R: A explicação mais plausível é que institutos nacionais como Ibope, Vox Populi, Sensus, não mandam seus técnicos para recrutar, treinar e coordenar as pesquisas de campo. Estes institutos nacionais terceirizam estas coletas de dados, e geralmente são institutos da região ou do estado que fazem este trabalho. Daí que, as elites políticas locais tem grande chance de buscar contaminar estes dados. 
             
P: É possível um instituto errar tanto?
         
R: Parece que sim, pelo menos tem sido assim no Pará, desde as eleições de 2004.
         
P: As pesquisas ainda conseguem influenciar o voto do eleitor?
              
R: Não creio. As pesquisas científicas ainda não chegaram a uma conclusão pacífica sobre esta questão. As pesquisas sempre retratam um momento específico da campanha, e sempre é um retrato retrospectivo, nunca prospectivo. Mas uma coisa parece certa, as pesquisas levantam ou rebaixam a moral das tropas de ruas dos principais contendores eleitorais, daí o desespero de sempre aparecer na frente nas pesquisas eleitorais.
             
P: Como esses erros recorrentes, o senhor não acha que a tendência é de que o peso das pesquisas sobre a decisão do eleitor diminua? 
          
R: Creio que sim. Acho que a tática central dos candidatos competitivos, mas que estão atrás nas pesquisas, é justamente esta, apresentar resultados divergentes com as pesquisas que lhe colocam atrás, justamente para levar o eleitor ao descrédito no entorno de todas as pesquisas em curso. As pesquisas na verdade devem ser tratadas com seriedade, porquê é o único instrumento que o eleitor possui para saber como os outros eleitores pensam em votar, para que sua escolha individual tenha maior peso no voto agregado.
          
P: No meio desse mar de pesquisas eleitorais, o eleitor fica meio perdido sem saber em quem confiar, o que o senhor recomenda? 
           
R: Maior rigor na legislação que organiza a realização de pesquisas eleitorais. Deveria ser criada uma auditoria profissional vinculado ao TRE para que todas as pesquisas, obrigatoriamente passassem pelo crivo científico especializado, e que fossem criadas penalidades “pesadas” para autores de fraudes em pesquisas eleitorais, para que os custos da fraude induzissem a classe política e os institutos a terem um comportamento republicano.
        
Fonte: Diário do Pará
            

domingo 12 2014

Um "bom" exemplo da velha política

Um "bom" exemplo da velha política: Mentira e oportunismo.



Opinião do Folha: Marina é a representação mais precisa e fiel do que convencionou-se chamar de "velha política". Marina além de ser uma verdadeira metamorfose ambulante que muda de opinião como muda de blusa, é o oportunismo em pessoa. Aliás, Marina deu um show inigualável de oportunismo nestas eleições.
         
A mestra do oportunismo
    
Marina foi oportunista quando ao não conseguir regularizar o seu verdadeiro partido a Rede Sustentabilidade, pegou carona no PSB para participar das eleições de qualquer jeito.
         
Marina foi oportunista quando tirou proveito da morte de Campos e da comoção nacional pelo trágico acidente para crescer politicamente assumindo o seu lugar.
        
Marina está sendo oportunista ao apoiar o Aécio mesmo tendo dito categoricamente que jamais o faria, e Aécio também está sendo oportunista aceitando o apoio e fazendo compromissos que sabe que não vai cumprir (Marina também sabe), compromissos estes que são contrários aos projetos e a política neoliberal.
              
Todos sabem que na política não tem anjos, mas isso que está acontecendo é um exagero.
               

Círio de Nazaré em Tucuruí, o povo manifesta a sua fé

Imagens do Círio de Nazaré em Tucuruí, estas imagens dispensam, comentários.

A Berlinda com a imagem da santa.









sábado 11 2014

A direita ameaça chegar ao poder no Brasil

    
A dor e a delícia da democracia
         
Buscar informações sobre os candidatos e o que eles pensam sobre a reforma política é o primeiro passo para a solução dos problemas do sistema eleitoral brasileiro
        
2014 tem sido um ano de fortes emoções para quem acompanha, se importa, participa e gosta de política de verdade. Nesse cenário, manter a calma tem sido uma tarefa complicada para qualquer um, tenha a opção política que tiver. No ápice das emoções, os resultados do último domingo, acompanhados de uma avalanche de reações, representa muito trabalho para os próximos quatro anos.
            
Nós acabamos de eleger o Congresso mais conservador desde 1964, de acordo com o Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap). Essa formação acende um sinal amarelo e fornece bases para o surgimento de um discurso político que gera retrocessos na conquista de novos direitos e também em direitos já consagrados. Desde os direitos das mulheres, dos negros, indígenas e LGBT, até o direito de acesso à informação e a liberdade de expressão.
          
Celso Russomano (PRB-SP), o deputado mais votado do país, tentou derrubar o projeto da Lei da Ficha Limpa na votação dos destaques da proposta, ao lado de Paulo Maluf e outros deputados. Russomano se apresenta como advogado, mas nunca passou no exame da OAB, e chegou a ser processado por advogar ilegalmente. Dentre vários escândalos, ele também foi ativo participante do escândalo das passagens da Câmara. O deputado usou a cota parlamentar paraviajar com a família para Nova York e Montevidéu. Nosso deputado mais votado ainda é acusado de peculato (apropriação, ou desvio, de recursos públicos em proveito próprio), crime de falsidade ideológica, aliciamento de clientes, suborno e de operar uma rádio ilegal no interior paulista sem a concessão do Ministério das Comunicações.
             
Tiririca (PR-SP), o segundo deputado mais votado, apesar de não ter faltado a nenhuma votação no seu primeiro mandato, apresentou apenas oito projetos em quatro anos, e nenhum deles se transformou em lei. Além disso, Tiririca nunca fez um discurso na tribuna. Mesmo não sendo alvo de nenhum escândalo, do ponto de vista da produção legislativa seu resultado foi praticamente nulo.
            
O terceiro deputado mais votado, Jair Bolsonaro (PP-RJ), alvo de um inquérito que apura crime contra a fauna, também foi acusado de homofobia, e chegou a afirmar que não corre “risco” de ter filhos gays porque eles teriam tido uma “boa educação”. Não muito longe de Bolsonaro, no quarto lugar entre os mais votados, ficou Marco Feliciano (PSC-SP), que se intitula o guardião da família brasileira. O deputado, no seu primeiro mandato, aprovou dois projetos na Comissão de Direitos Humanos contra o casamento gay.
         
Esses são só os TOP 4 da lista dos 513 deputados eleitos no último domingo, mas já diz muito sobre os desafios que iremos enfrentar nos próximos quatro anos. E tenha você candidatos eleitos ou não, a responsabilidade também é sua, ao lado de toda a população, que vota na maioria das vezes mal sabendo o nome do seu candidato.
             
Neste último domingo recebi muitas mensagens, faltando poucas horas para encerrar o horário de votação, de diferentes amigos me perguntando “Em quem eu voto para deputados?”. Reconheço que me dediquei na pesquisa sobre os candidatos que votei, consultando previamente suas propostas e histórico, e sou a favor da troca de ideias e debate, pois sei que não é nada fácil escolher um deputado frente ao número gigante de candidatos que existem (eu demorei para escolher os meus!). Mas, mesmo assim, os pedidos me incomodaram. E me incomodaram primeiro por serem pedidos de última hora, apressados, de pessoas correndo para a urna; segundo por serem pessoas que possuem condições e noção crítica para buscar seus candidatos com antecedência e fazerem escolhas conscientes; e, terceiro, por saber que assim age a grande maioria da população.
        
É comum ver as pegarem a cola do amigo, do pai, ou os santinhos jogados no chão sem sequer lerem os nomes dos candidatos, ou escolherem alguém por ser amigo do amigo, e seguirem para as urnas reclamando da “chatice” que é ter que votar porque “não faz diferença mesmo” (enquanto eu, no meu orgasmo democrático, fui ansiosa e feliz da vida votar).
            
Não estou dizendo aqui que quem votou no Tiririca, ou qualquer outro, não sabia o que estava fazendo, pois sei que muitos sabiam, mas a maioria eu garanto que não pesquisou ou foi no embalo do “voto de protesto”. O problema é que na hora de reclamar que o Congresso é corrupto, conservador, fundamentalista e incompetente, essa maioria parece esquecer quem os colocou lá, e já é tarde demais para gritar “vocês não me representam”.
          
Além de não saberem em quem votar, as pessoas também não sabem o que faz um deputado e um senador, e sequer imaginam o impacto que a formação do Congresso Nacional tem em suas vidas. E enquanto a população não entender a função dos nossos representantes, não entender a função das nossas instituições e não entender que são responsáveis por tudo isso, seguiremos aumentando a distância entre a vontade do eleitor e o mandato do eleito.
          
E para piorar esse cenário o nosso sistema eleitoral é extremamente injusto e desconhecido pela população. Ao contrário do que muita gente pensa, nas eleições para deputado federal, estadual e distrital, não ganha quem tem mais votos (isso sem falar da questão econômica e do financiamento das campanhas, que é tema para outro artigo). Nosso sistema é proporcional e por isto permite a eleição de um candidato com poucos votos, enquanto um nome bem votado pode ficar fora do parlamento. Somente 35 deputados federais, dos 513 que irão compor a Câmara a partir de 2015, receberam votos suficientes para se elegerem sozinhos. Os demais foram eleitos com os votos da legenda ou de outros candidatos de seu partido e coligações. Só o Russomano levou com ele outros quatro candidatos, Tiririca puxou mais dois.
             
Pois é, até você que votou de forma consciente não tem tanto poder como imagina. Já disse Drummond de Andrade: “Democracia é a forma de governo em que o povo imagina estar no poder”. Porém, o futuro não é dado, é criado. E é por isso, que apesar do conservadorismo do nosso novo Congresso, nossa responsabilidade é ainda maior e não podemos chorar o leite derramado.
        
Tanto o sistema, como a falta de consciência da população, exigem urgentemente uma reforma política. Não há como solucionar determinados problemas da nossa democracia com o sistema político vigente, é ele que perpetua a situação que vivemos. Também não podemos esperar que o Congresso Nacional faça (ainda mais agora), ele próprio, uma reforma política que na prática acaba com muitos de seus privilégios.
           
Para que o povo possa realmente estar no poder a solução virá de iniciativas populares e que já estão sendo debatidas e realizadas há muito tempo. Uma dessas iniciativas, da Coalizão pela Reforma Política Democrática e Eleições Limpas, propõe um projeto de lei de iniciativa popular, como a Lei da Ficha Limpa, onde o voto do eleitor favorece somente o partido e o candidato que ele escolheu, diferente do que acontece hoje.
        
Conheça as iniciativas populares, participe, e se informe sobre o que pensa o seu candidato sobre elas. Apesar do nosso Congresso Nacional já estar formado, ainda não definimos que será nosso(a) Presidente da República nos próximos quatro anos.