Sancler Ferreira Prefeito de Tucuruí |
Após 12 anos no poder, o grupo do atual prefeito Sancler Ferreira perdeu a eleição e deve deixar o poder no dia 31 de dezembro. O problema de um grupo passar tanto tempo no poder é que as pessoas que compõe este grupo passam a acreditar que o seu poder é permanente e que a cidade lhes pertence, então passam a governar para si mesmos e não para a população, se esquecendo de que o verdadeiro poder é do povo.
Outro engano é acreditar que eleição se ganha apenas com o poder econômico e com cargos públicos, se esquecendo de que todo governo se desgasta naturalmente com o tempo despertando na população o desejo de mudança, isso é natural, tudo muda o tempo todo, ainda mais a política que é muito dinâmica.
Um pouco da história politica de Tucuruí
Relembrando - A dobradinha Cláudio/Parsifal durou duas décadas, até que a população de Tucuruí se cansou do revezamento Cláudio Furman e Parsifal Pontes que tinham um acordo tácito de revezamento no poder na Prefeitura de Tucuruí. Com o desgaste dos dois e na falta de uma liderança sólida, Tucuruí assistiu a chegada do Sancler ao poder, lembrando que Sancler é da velha guarda da política em Tucuruí. O prefeito eleito Jones William é da nova nova geração de políticos de Tucuruí, e esperamos que enterre a velha política tucuruiense para sempre.
A ascensão de Sancler
Sancler repetiu uma velha fórmula utilizada pelo Parsifal quando era vice-prefeito do Navegantes (Aliás, Sancler foi Secretário de Obras do Navegantes), Parsifal mesmo pertencendo originalmente do grupo do Navegantes formou seu próprio grupo e passou para a população e principalmente para o funcionalismo público que não seria uma continuidade do governo Navegantes e que ele representava a mudança que a população queria, e traria para a PMT mais organização e eficiência para a administração pública municipal, com isso conseguiu se eleger com a ajuda da máquina administrativa.
Sancler fez a mesma coisa em relação ao Cláudio, como vice formou seu próprio grupo político dentro da Prefeitura, sabotou o Cláudio conseguindo passar para a população à imagem da mudança e de um político honesto e preocupado com a cidade e com o povo, a denúncia da Sangria na Prefeitura no programa de grande audiência Tucuruí Agora, foi uma jogada política, Sancler não queria parar sangria alguma, seu pronunciamento visava passar para o povo a ideia de um político honesto e ao mesmo tempo se desvincular politicamente do Cláudio Furman, passando ainda a ideia de mudança, uma prova de que a denuncia da Sangria era só uma jogada política foi que ele se negou a fazer a denuncia ao Ministério Público.
No Poder
Ao chegar ao poder Sancler surfou na política desenvolvimentista dos governos Lula e Dilma com os bilhões gastos pelo governo Federal em TODOS os municípios do Brasil através do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que promoveu a retomada do planejamento e execução de grandes obras de infraestrutura social, urbana, logística e energética do país. Praticamente TODAS as obras da cidade nos dois Governos Sancler Ferreira foram construídas com recursos do Governo Federal, com tudo isso a PMT nos dois governos Sancler recebeu ainda mais de 2 bilhões em repasses dos governos Estadual e Federal.
O grande problema do Prefeito Sancler, além das graves denúncias de corrupção, das perseguições aos adversários políticos e da incompetência administrativa, é a sua obsessão pelo controle de tudo e de todos, Sancler se envolveu em praticamente todas as eleições que houve em Tucuruí, fossem quais fossem, e nunca hesitou em usar a máquina da Prefeitura e o poder econômico para impor e eleger seus aliados nas Associações de Bairros, sindicatos, associações de classe, partidos políticos, liga esportiva e de escola de samba e em toda instituição de representação da sociedade Tucuruiense. Este controle extremo o manteve por oito anos na prefeitura, mas também foi a causa da sua ruína e perda do poder ao não conseguir eleger seu sucessor. Sancler com a sua política agressiva e pela cooptação, conseguiu destruir a reputação e a carreia política de quase todas as lideranças políticas em Tucuruí, poucos conseguiram escapar ilesos.
A vaidade do Sancler é tanta que ele apesar de já ter escolhido o Vereador Jairo como seu sucessor já na época da sua reeleição, não se preocupou em preservar a imagem do seu sucessor o fazendo aprovar projetos nocivos para Tucuruí e extremamente impopulares, como o aumento exorbitante da passagem de ônibus, a criação do IPASET, o parcelamento da dívida do órgão e o aumento da contribuição previdenciária dos servidores municipais, a privatização da Nossa Água entre tantos outros projetos abomináveis que acabou com a imagem da Câmara Municipal e dos vereadores. Sancler pensava que poderia eleger o seu sucessor apenas com o poder econômico. O único partido que tinha condições de ganhar a eleição do seu sucessor seria o PMDB, neste caso ele teria apenas que cooptar a direção do partido que lançaria um candidato laranja (como foi feito na eleição anterior) e assim dividir os votos da oposição, Sancler então usaria toda a máquina pública e o poder econômico na eleição de seu sucessor.
Tudo começa a desandar para Sancler
Tudo começou a desandar para Sancler quando o Jones se filiou no PMDB e travou uma luta de Hércules com o auxílio de lideranças políticas independentes, até o Blog Folha de Tucuruí entrou na briga para que Jones fosse e se e se mantivesse como candidato do partido, o Folha sabia que ele era o único que poderia libertar nossa cidade. Jones venceu a luta também com muita articulação política, e com o apoio do Ministro Helder Barbalho e outros políticos influentes do PMDB estadual.
Desandou mais ainda quando Sancler não conseguiu impedir o PT de apoiar o Jones. O apoio do PT e sua militância vieram acompanhados do tempo do partido no horário eleitoral no rádio e televisão, sem isso o tempo do Jones seria bem menor que o tempo do Jairo, o que seria uma grande desvantagem.
Sancler ainda pensou que o Joílson fosse tirar votos do Jones e cedeu dois partidos da sua base aliada para se coligar com o PTB, mas não funcionou, pois a candidatura do Joílson não decolou e a sua votação foi inexpressiva. Os ataques do Joílson direcionados prioritariamente contra o Jones também não surtiram efeito.
A desarticulação da candidatura do Barata também não trouxe para Sancler os dividendos esperados, pois os votos do Barata não migraram exclusivamente para o Jairo, pois boa parte dos votos de protesto migrou para a candidatura do Jones.
Sancler devido à rejeição do Vereador Jairo (rejeição pelos motivos já mencionados) poderia ter apoiado o Barata que tinha menor rejeição e é do lado do Governador Jatene, dificultando assim que a Prefeitura fosse para as mãos do seu adversário, mas a vaidade e a obsessão pelo controle falaram mais alto, Sancler sabia que não poderia controlar o Barata como controlaria o Jairo, Sancler confiando na máquina da Prefeitura e no poder econômico subestimou o Jones e resolveu enfiar o Jairo goela abaixo do eleitorado de Tucuruí.
Os principais fatores que levou á derrota do Sancler e do Jairo em Tucuruí foram:
1 – Sancler está com a imagem desgastada pelos reiterados abusos administrativos cometidos e por escândalos de corrupção. O apoio de Sancler atrapalhou o Jairo (e com razão), pois a população percebeu que Jairo se eleito seria uma simples marionete nas mãos do Sancler. Caso Jairo fosse eleito Sancler governaria nos bastidores e garantiria sua defesa nas dezenas de processos a que responde na justiça Federal e Estadual. Comentou-se muito nos bastidores políticos que o Jairo, se eleito fosse, iria patrocinar a reeleição da Deputada esposa do Prefeito e a candidatura do próprio Sancler a Deputado Federal, o que lhe daria foro privilegiado. O povo percebeu isso.
2 – Jairo, assim como os demais vereadores estavam “queimados” com a população devido à aprovação de projetos impopulares e nocivos para cidade, como, por exemplo, a privatização da Nossa Água, assim como pela escrachada submissão e subserviência dos vereadores aos desejos e interesses do Prefeito Sancler, os vereadores se comportavam como Secretários Municipais e não como representantes do povo, os vereadores nestes quatro anos se fizeram de mudos para os abusos na PMT, e de surdos para as vozes e para a opinião da população e por isso pagaram o preço.
Vereador não tem que brigar com o prefeito e nem tem de ser submisso a ele, vereador tem de defender e ouvir o povo do qual são representantes, o poder executivo e legislativo devem ser harmônicos e trabalhar juntos para o bem público, mas devem ser INDEPENDENTES.
3 – O aumento da violência nos meses que antecederam a eleição atrapalhou muito o candidato do Prefeito, pois a população sabe que a Prefeitura também é responsável pela segurança pública.
4 – O desemprego também contribuiu para o desgaste da imagem do Prefeito e seu candidato, pois a população viu que o prefeito não moveu uma palha para a geração de emprego, pelo contrário, não incentivou a implantação de indústrias no município, a prestação de serviço e o turismo, ao dar calotes no comércio e nas empresas de prestação de serviço na cidade provocou demissões em massa em Tucuruí.
Muitos estranharam o grande número de eleitores que não foram votar, se esquecendo dos milhares de pais de família e de famílias inteiras que foram embora de Tucuruí por falta de oportunidade e emprego, em compensação a população assistiu revoltada os escândalos de corrupção se sucederem na administração pública e as demonstrações de riqueza dos marajás da Prefeitura, com suas mansões, sítios com chalés, lanchas e carros de luxo e viagens nacionais (Êita povo que gosta de Fortaleza) e internacionais. Famílias inteiras recebendo da Prefeitura sem trabalhar e às vezes morando em Belém e até fora do Estado.
5 – Corrupção: Foram vários os escândalos de corrupção no Governo Sancler, o Prefeito e vários funcionários da Prefeitura e de sua confiança são acusados pela justiça de desvios de dinheiro público, o mais famoso caso e que levou a justiça a decretar a indisponibilidade dos bens do prefeito e vários assessores foi o escândalo do 38 milhões, manchete de jornais e telejornais da capital e nacional. O candidato do prefeito também se envolveu em um escândalo de recebimento irregular de diárias, tendo inclusive o GAECO (Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado) deflagrado a Operação Citronela e feito a apreensão de documentos na sede da Câmara Municipal de Tucuruí.
6 – Promessas repetidas nas três últimas eleições municipais como, por exemplo, o asfaltamento do Bairro Palmares e também promessas mirabolantes como o asfaltamento da vicinal Bom Jesus, que tem cem quilômetros de extensão, se nem a cidade Sancler conseguiu (ou não quis) asfaltar...
7 – Até o tempo conspirou contra o candidato do Sancler, pois em pleno verão amazônico caiu um temporal seguido de uma semana de chuvas constantes, que alagou vários bairros e várias ruas e casas da cidade, destruindo obras eleitoreiras e mal feitas, como terraplanagens e asfaltos inacabados.
8 – Contou também para o fracasso eleitoral do Sancler a situação caótica da saúde pública em Tucuruí, com um hospital (mal) “reformado” e vários postos de saúde sem equipamentos, medicamentos, material hospitalar e sem médicos. De que adianta um posto de saúde sem atendimento. Sancler construiu vários postos de saúde com dinheiro do Governo Federal, mas o atendimento é precário, quando tem atendimento.
Bom, poderíamos escrever livros sobre o descalabro da administração Sancler Ferreira, mas não temos espaço para isso neste Blog. Com tudo isso que descrevemos nos surpreende que o candidato do prefeito tenha tirado 25 mil votos, o que apenas se explica pelos milhares de contratados e pelo abuso do poder econômico.
Procuramos fazer um apanhado resumido dos motivos da derrota eleitoral do Sancler e do seu candidato e tentamos mostrar mais um pouco de como funciona a política em nossa cidade.
A população tem que conhecer bem como funciona a política partidária e de governo, só assim o povo poderá eleger com consciência e sabedoria os seus representantes e vai aprender a não cair nas armadilhas dos maus políticos.