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quinta-feira 07 2010

Dois pesos...

Maria Rita Kehl - O Estado de S.Paulo

Este jornal teve uma atitude que considero digna: explicitou aos leitores que apoia o candidato Serra na presente eleição. Fica assim mais honesta a discussão que se faz em suas páginas.

O debate eleitoral que nos conduzirá às urnas amanhã está acirrado. Eleitores se declaram exaustos e desiludidos com o vale-tudo que marcou a disputa pela Presidência da República.

As campanhas, transformadas em espetáculo televisivo, não convencem mais ninguém. Apesar disso, alguma coisa importante está em jogo este ano. 

Parece até que temos luta de classes no Brasil: esta que muitos acreditam ter sido soterrada pelos últimos tijolos do Muro de Berlim. Na TV a briga é maquiada, mas na internet o jogo é duro.

Se o povão das chamadas classes D e E - os que vivem nos grotões perdidos do interior do Brasil - tivesse acesso à internet, talvez se revoltasse contra as inúmeras correntes de mensagens que desqualificam seus votos.

O argumento já é familiar ao leitor: os votos dos pobres a favor da continuidade das políticas sociais implantadas durante oito anos de governo Lula não valem tanto quanto os nossos. Não são expressão consciente de vontade política. Teriam sido comprados ao preço do que parte da oposição chama de bolsa-esmola.

Uma dessas correntes chegou à minha caixa postal vinda de diversos destinatários. Reproduzia a denúncia feita por "uma prima" do autor, residente em Fortaleza. A denunciante, indignada com a indolência dos trabalhadores não qualificados de sua cidade, queixava-se de que ninguém mais queria ocupar a vaga de porteiro do prédio onde mora. Os candidatos naturais ao emprego preferiam viver na moleza, com o dinheiro da Bolsa-Família. Ora, essa.

A que ponto chegamos. Não se fazem mais pés de chinelo como antigamente. Onde foram parar os verdadeiros humildes de quem o patronato cordial tanto gostava, capazes de trabalhar bem mais que as oito horas regulamentares por uma miséria? Sim, porque é curioso que ninguém tenha questionado o valor do salário oferecido pelo condomínio da capital cearense. 

A troca do emprego pela Bolsa-Família só seria vantajosa para os supostos espertalhões, preguiçosos e aproveitadores se o salário oferecido fosse inconstitucional: mais baixo do que metade do mínimo. R$ 200 é o valor máximo a que chega a soma de todos os benefícios do governo para quem tem mais de três filhos, com a condição de mantê-los na escola.

Outra denúncia indignada que corre pela internet é a de que na cidade do interior do Piauí onde vivem os parentes da empregada de algum paulistano, todos os moradores vivem do dinheiro dos programas do governo. Se for verdade, é estarrecedor imaginar do que viviam antes disso.

Passava-se fome, na certa, como no assustador Garapa, filme de José Padilha. Passava-se fome todos os dias. Continuam pobres as famílias abaixo da classe C que hoje recebem a bolsa, somada ao dinheirinho de alguma aposentadoria. Só que agora comem. Alguns já conseguem até produzir e vender para outros que também começaram a comprar o que comer. 

O economista Paul Singer informa que, nas cidades pequenas, essa pouca entrada de dinheiro tem um efeito surpreendente sobre a economia local. A Bolsa-Família, acreditem se quiserem, proporciona as condições de consumo capazes de gerar empregos. O voto da turma da "esmolinha" é político e revela consciência de classe recém-adquirida.

O Brasil mudou nesse ponto. Mas ao contrário do que pensam os indignados da internet, mudou para melhor. Se até pouco tempo alguns empregadores costumavam contratar, por menos de um salário mínimo, pessoas sem alternativa de trabalho e sem consciência de seus direitos, hoje não é tão fácil encontrar quem aceite trabalhar nessas condições. Vale mais tentar a vida a partir da Bolsa-Família, que apesar de modesta, reduziu de 12% para 4,8% a faixa de população em estado de pobreza extrema.

Será que o leitor paulistano tem ideia de quanto é preciso ser pobre, para sair dessa faixa por uma diferença de R$ 200? Quando o Estado começa a garantir alguns direitos mínimos à população, esta se politiza e passa a exigir que eles sejam cumpridos. Um amigo chamou esse efeito de "acumulação primitiva de democracia".

Mas parece que o voto dessa gente ainda desperta o argumento de que os brasileiros, como na inesquecível observação de Pelé, não estão preparados para votar. Nem todos, é claro. Depois do segundo turno de 2006, o sociólogo Hélio Jaguaribe escreveu que os 60% de brasileiros que votaram em Lula teriam levado em conta apenas seus próprios interesses, enquanto os outros 40% de supostos eleitores instruídos pensavam nos interesses do País.

Jaguaribe só não explicou como foi possível que o Brasil, dirigido pela elite instruída que se preocupava com os interesses de todos, tenha chegado ao terceiro milênio contando com 60% de sua população tão inculta a ponto de seu voto ser desqualificado como pouco republicano. 

Agora que os mais pobres conseguiram levantar a cabeça acima da linha da mendicância e da dependência das relações de favor que sempre caracterizaram as políticas locais pelo interior do País, dizem que votar em causa própria não vale. 

Quando, pela primeira vez, os sem-cidadania conquistaram direitos mínimos que desejam preservar pela via democrática, parte dos cidadãos que se consideram classe A vem a público desqualificar a seriedade de seus votos.

Eleições - Por que um, por que outro

A ex-companheira de Lula acabou mesmo brilhando. Marina Silva tornou-se o elemento surpresa do primeiro turno da eleição presidencial e atrapalhou os planos do seu ex-colega de ativismo e partido. 

Ao perder a ministra Marina dois anos atrás, Luiz Inácio Lula da Silva deve ter pensado: "Paciência...". Certo de que Dilma Rousseff e seu desenvolvimentismo eram o caminho à frente, Lula certamente não imaginava que a antiga heroína dos seringueiros pudesse liderar uma chapa presidencial de peso e convencer quase 20 milhões de brasileiros a segui-la.

Em tempos de aquecimento global, Marina Silva e o Partido Verde registraram um feito que já entra para a história da jovem democracia brasileira.

O PT e o o Palácio do Planalto começam agora a traçar sua estratégia para convencer aqueles que não votaram em Dilma Rousseff a optar por sua candidatura. É interessante tentar entender, então, por que a candidata escolhida a dedo por Lula, um presidente com cerca de 80% de popularidade, não venceu o pleito já no primeiro turno. 

Por que, afinal, 54 milhões de eleitores preferiram dar seu voto a um dos outros oito candidatos? E por que 47 milhões de eleitores mostraram-se convencidos de que Dilma é a melhor opção para o Brasil?

Quem votou em Dilma claramente está feliz com o estado atual do Brasil. Não com tudo, obviamente, já que o país ainda tem problemas (na saúde, segurança, habitação etc) que levam gerações para ser solucionados.

Mas os eleitores da candidata do governo querem a continuidade do que têm hoje, do projeto político e econômico de Lula. Isso inclui o forte investimento na área social, o aumento do poder de compra das classes menos favorecidas e o fortalecimento do setor público, do aumento da participação estatal na Petrobras à expansão do funcionalismo.

Também inclui uma política externa mais agressiva, de liderança regional e engajamento em questões delicadas mundo afora. Mais: aqueles que votaram em Dilma podem até não gostar das críticas de Lula à imprensa e mesmo se indignar com as acusações de tráfico de influência na Casa Civil.

Mas acreditam que tais problemas sejam menores diante do projeto do PT para o país, que reduziu a pobreza e a desigualdade ao mesmo tempo em que criou condições para altas taxas de crescimento econômico e colocou o Brasil num posto de importância crescente no cenário internacional. O eleitor de Dilma orgulha-se do Brasil de Lula.

Já quem não votou em Dilma Rousseff quer mudança. Provavelmente não concorda com a expansão do setor público ou com a relação de proximidade entre Estado e sindicalismo. Também talvez não concorde com a política externa mais ousada e muitas vezes polêmica adotada pelo Itamaraty de Celso Amorim, que claramente elevou o status internacional do Brasil, mas também o associou a alguns regimes controversos.

Quem votou em José Serra, Marina Silva ou outros deve ainda ter se revoltado com as denúncias envolvendo a Casa Civil. Também pode não gostar da personalidade de Dilma Rousseff, tida por muitos como autoritária nas relações pessoais, nem da forma como o presidente Lula tem conduzido a relação entre governo e imprensa.

A extrema confiança do governo federal em sua forma de lidar com o setor de comunicação pode atrair muitos brasileiros, que veem em ações da imprensa a tentativa de minar o Executivo. Mas também pode alienar outros, que querem governantes mais receptivos a críticas e investigações.

Em tempo: os que não votam em Dilma alegando fisiologismo nas alianças políticas devem se lembrar que, no Brasil, a prática não foi patenteada por nenhuma legenda. A relação entre PT e PMDB sob Lula é parecida com a relação entre PSDB e PFL sob Fernando Henrique Cardoso. Justificável ou não, o modelo tem sido aplicado no Brasil de forma verdadeiramente democrática, ou seja, por praticamente todos.

Olhando para os argumentos acima, talvez seja mais fácil entender as opções dos brasileiros para o segundo turno. Não se tratará apenas de um plebiscito sobre o governo Lula ou sobre Dilma, já que agora o voto anti-Dilma não terá mais Marina Silva como opção. O tucano José Serra terá seu passado, seus projetos e sua personalidade avaliados tanto quanto os de Dilma.

Pelo menos em tese, segundos turnos são úteis para que o debate em torno de propostas e estilos seja aprofundado e para que os eleitores decidam não necessariamente quem desejam ver no poder, mas quem preferem. Trata-se de uma escolha entre um e outro. Por que votar em um, por que votar no outro. Ou por que não votar em um ou não votar no outro.

Agora é hora de decisão. É isto ou aquilo.
 
BBC Brasil - Rogério Simões

Aliança desastrosa

Do Blog da Franssinete

A aliança da governadora Ana Júlia Carepa com Duciomar Costa foi uma desgraça para sua candidatura. Além de ser prejudicada pelo repúdio da população ao (des)prefeito de Belém, agora a bancada petebista virou a casaca. 

Hoje, o deputado federal eleito Josué Bengtson e os deputados estaduais eleitos Jr. Ferrari, Tião Miranda e Eduardo Costa, do PTB, reuniram com Simão Jatene (PSDB), e selaram aliança para a eleição no segundo turno.

Os prefeitos de Tucuruí, Sancler Ferreira (PPS), e de Nova Ipixuna, Edson Alvarenga (PTB), o ex-presidente da Câmara de Tucuruí, João Batista Gomes, o ex-prefeito de Breu Branco, Armênio Barreirinhas (PMDB), e o presidente da Câmara de Santarém, José Maria Tapajós (PMDB), também foram ao escritório político de Jatene reforçar apoio.

A questão do aborto

Alguns internaltas nos questionaram quanto ao suposto apoio da candidata Dilma na questão do aborto. 

Infelizmente o povo brasileiro aparentemente tem memória curta. 

Enquanto se especula quanto à posição da candidata Dilma na questão do aborto, temos o canditado Serra que enquanto Ministro da Saúde, efetivamente agiu conscientemente no sentido de regulamentar esta prática.

Vejam abaixo, não especulações ou previsões, mas a realidade de um passado recente, onde a  Confederação Nacional dos Bispos reage à regulamentação do aborto por José Serra, então Ministro da Saúde. 

O manifesto é de 200o, quando Serra era Ministro da Saúde.  
 
ISSO É UMA VERGONHA!!!

Agora a realidade cruel é que vários líderes religiosos estão tirando proveito da disputa eleitoral para chantagear os candidatos, visando angariar vantagens e impor as suas idéias e convicções. 

Mesmo após se passarem dois mil anos, continuam os vendilhões do templo exercendo as suas atividades e negociando a fé.

ISSO É UMA VERGONHA!!!

quarta-feira 06 2010

PV dividido

Marina Silva (PV) tem sido muita assediada após o primeiro turno das eleições presidenciais. Os cerca de 20 milhões de votos que a candidata recebeu podem dar a vitória para Dilma Roussef (PT) ou José Serra (PSDB). Basta apenas saber para quem iriam esses votos.

O Partido Verde, segundo Marina Silva, está dividido quanto à posição a ser assumida. O partido afirmou que só vai tomar uma decisão após ouvir setores que compõem suas bases, bem como diz que realizará uma plenária, dentro de 15 dias, a fim de tomar uma decisão final sobre o tema. 

De qualquer forma, importantes figuras do PV estão tomando posições de apoio a candidatos antes da decisão final.  Gilberto Gil, que foi Ministro da Cultura no governo Lula, declarou apoio a Dilma; Fernando Gabeira -candidato derrotado ao governo do Rio de Janeiro, e que concorreu com apoio do PSDB- declarou apoio a José Serra. Assim, a divisão exposta por Marina já estaria se concretizando.

Alguém se beneficia com Partido Verde dividido?