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sexta-feira 29 2013

Pará corre risco de estagnação

         
Pará corre risco de estagnação (Foto: Ney Marcondes/Diário do Pará)
Sem derrocamento do Pedral do Lourenço, projeto da Hidrovia do Tocantins não sai do papel. Assim, eclusas de Tucuruí. (Foto: Ney Marcondes/Diário do Pará).
       
De público, quase ninguém assume objetivamente a descrença em relação a projetos que, uma vez executados, dariam à cadeia logística do Pará uma posição de destaque no plano nacional, e, ao Brasil, ofereceriam a possibilidade de destravar o escoamento de sua produção agrícola, hoje sabidamente um dos mais graves problemas da economia nacional. Em privado, a conversa é bem outra. Não há confiança, mas apenas descrédito e desânimo, embora não devesse ser assim.
          
A saturação da capacidade operacional dos principais portos localizados no Sul e no Sudeste tornou dramáticas as deficiências da infraestrutura e logística no Brasil, acarretando sérios prejuízos aos exportadores, elevando a níveis insuportáveis os custos de transporte e reduzindo substancialmente a competitividade da produção brasileira. Sob a ótica da racionalidade, os projetos previstos – e até anunciados – para execução no Pará eram não apenas desejáveis, mas rigorosamente necessários.
        
Entre empresários, investidores, técnicos do setor, altos funcionários do Estado e membros da academia, porém, já quase ninguém mais acredita que venham a ser executados, pelo menos num horizonte de médio prazo, empreendimentos que mudariam o cenário econômico paraense. Nessa lista se incluem o derrocamento do Pedral do Lourenço, a Hidrovia do Tocantins – mesmo que apenas no trecho final, de Marabá até Vila do Conde –, e o ramal da Ferrovia Norte/Sul que deveria ligar Açailândia, no Maranhão, ao município de Barcarena, já próximo a Belém.
          
Note-se que já nem se fala mais de empreendimentos até recentemente tidos como certos e outros chegaram a gerar especulações. No primeiro caso está o da siderúrgica Alpa, na cidadede Marabá, anunciada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para implantação pela Vale em parceria com investidores externos. O projeto foi abortado pelo aparente desinteresse do governo em implantar a hidrovia do Tocantins a partir de Marabá. A consolidação do eixo hidroviário era condição necessária para viabilizar a planta siderúrgica.
     
Sem a hidrovia do Tocantins – já que permanecem indefinidas as obras de derrocamento que deveriam assegurar sua navegabilidade plena –, e com o sepultamento da Alpa, virou pó, também, o projeto do polo metal mecânico cujo nascimento, num extenso eixo que abrangeria as regiões mineiras do sul e do sudeste do Pará, só poderia ser viabilizado pela siderurgia. A aciaria representava, portanto, o ponto de partida para a tão esperada verticalização da indústria mineral paraense.
       
Como há um encadeamento lógico em empreendimentos nessa área, representando cada um deles um elo complementar da cadeia logística projetada, quando “cai” um projeto a consequência é o efeito dominó, com novas quedas em sequência. É o que está acontecendo no Pará, cuja infraestrutura de transportes corre o risco de estagnação por mais duas décadas, pelo menos, na opinião dos especialistas.
     
O Estado teve que esperar cerca de trinta anos para ver concluídas as eclusas de Tucuruí, obra que, com custo final de cerca de R$ 1,8 bilhão, em valores atualizados, permanece hoje praticamente inútil porque não se fez – e parece que não se pretende fazer – o seu complemento, que seriam as obras de derrocamento e dragagem em trechos pontuais do rio Tocantins. Sem a hidrovia, perdeu-se a Alpa e, com ela, também o polo metal mecânico.
        

DNIT: Decisão é “inexplicável”

          
O engenheiro Luiz Antonio Pagot, reconhecido nacionalmente como profundo conhecedor da infraestrutura brasileira, ocupava o cargo de diretor geral do DNit quando foi entregue o projeto de derrocamento elaborado pela Universidade Federal do Pará. O estudo, segundo ele, foi analisado e aprovado pelos técnicos do DNit. “Era um projeto bom, muito bom. Tanto que foi aprovado e a seguir licitado”, acrescentou ele, em conversa com a reportagem do DIÁRIO quando esteve em Belém, há pouco mais de uma semana, para participar do 1º Seminário de Logística da Amazônia.
         
Pagot lembrou que, quando saiu o resultado da licitação, sendo declarada vencedora a empresa Triunfo, foi deslanchado, coincidentemente, o processo que resultaria na declaração de inidoneidade da empresa. Exatamente nesse período, ele deixou o cargo e aí o projeto desandou. “Se não fosse isso, a obra fatalmente teria acontecido”, declarou, acrescentando que, entre as alternativas disponíveis, ele teria providenciado uma nova licitação ou mesmo contratado a segunda colocada.
         
O que lhe causa espanto até hoje, conforme frisou, foi o que aconteceu depois de sua saída do DNit. Enquanto ele estava lá, a Triunfo, que vencera a licitação, foi alijada por um processo de inidoneidade. Apenas quatro meses depois, porém, a mesma Triunfo foi habilitada e ganhou a concorrência do aeroporto de Viracopos, em Campinas, São Paulo. “Ela (Triunfo) deixou de ser contratada numa obra de R$ 360 milhões para ser contratada, logo depois, numa obra de R$ 4 bilhões. Isso é inexplicável”, enfatizou.
          
Luiz Antonio Pagot parece pouco propenso a aceitar como válidas, também, as alegações atuais do DNit sobre dificuldades que estariam retardando a execução do projeto. Os estudos indicando a existência dos pedrais do rio Tocantins, segundo ele, são muito antigos e remontam ainda à época do Geipot, o antigo o Grupo Executivo de Integração da Política de Transportes, criado em 1965 pelo governo militar e extinto em 2002, já como Empresa Brasileira de Planejamento de Transportes.
          
A própria Ahimor (Administração das Hidrovias da Amazônia Oriental, com sede em Belém), há cerca de 15 anos, conforme frisou, fez estudos detalhados sobre as formações rochosas do Tocantins e as restrições à navegação existentes em pontos diversos do rio. Depois disso, outros estudos se seguiram, de forma que o Ministério dos Transportes tinha – e tem – conhecimento de sobra sobre os problemas de navegabilidade do Tocantins, tanto a montante quanto a jusante da barragem de Tucuruí.
        
Para que se possa dispor ali de condições adequadas de navegabilidade, inclusive para comboios de grande porte, afirmou Luiz Antonio Pagot, são necessárias intervenções rio abaixo no Pedral do Lourenço e ainda nos acessos a Marabá, incluindo obras dragagem para retirada de aproximadamente 1,2 milhão de metros cúbicos de areia. Isso, depois do Pedral do Lourenço, em direção a Marabá. “Mas tudo isso é sabido, foi muito bem estudado, inclusive com a proposição de medidas mitigadoras. Tanto que o projeto foi licenciado. E foi um processo tão rigoroso que o licenciamento só saiu depois de anos”, completou.
     

Professor faz críticas ao órgão

       
Quando esteve em Belém, nos dias 12 e 13 deste mês, para participar do 1º Seminário Logístico da Amazônia, o diretor de Infraestrutura Aquaviária do DNIT, Valter Casemiro, causou aos presentes um misto de espanto e indignação ao anunciar mudanças no projeto antes aprovado para o derrocamento do Pedral do Lourenço, no rio Tocantins. O canal central de navegação, projetado pela UFPA com 70 metros de largura, passaria a ter 145 metros.
      
Essa simples mudança vai multiplicar por mais de quatro vezes o volume de pedras a ser removido do leito do rio, que, de 700 mil metros cúbicos, previstos no projeto original, elaborado pela UFPA, passaria a quase três milhões de metros cúbicos. A conclusão, entre os participantes do seminário, foi geral, prevalecendo o entendimento de que nenhum órgão vai aprovar licenciamento ambiental para um projeto com impacto dessa dimensão.
        
Diretor da Faculdade de Engenharia Naval da UFPA e coordenador da equipe que realizou para o DNIT o primeiro projeto de derrocamento, o professor Hito Braga de Moraes se mostra hoje descrente e adota uma linguagem dura quando trata do assunto. “Na minha opinião, da maneira como o DNIT está conduzindo o projeto, o mesmo não sai, talvez propositalmente”, disse ele. E acrescentou: “Pois, com o novo canal sugerido pela Marinha o impacto ambiental será muito grande e necessitará de novos estudos ambientais que travarão totalmente a curto e médio prazo o início das obras”.
         
Como têm circulado versões contraditórias sobre o assunto, Hito Braga de Moraes deixou claro que só existem, para derrocamento do Pedral do Lourenço, dois projetos entregues ao DNIT, sendo o primeiro da UFPA, coordenado por ele, e o outro da empresa CB&I, contratada pela Vale. Entretanto, ressaltou, só o projeto da UFPA foi aprovado pelo DNIT, visto que, segundo informações oriundas da direção daquele órgão em Brasília, o projeto da empresa CB&I teria sido entregue com muitas falhas. Acrescentou Hito Moraes que o projeto elaborado pela CB&I, embora devesse ter nível executivo, não teria condições sequer para ser licitado, já que não alcançou nem mesmo nível básico.
         
De acordo com o diretor da Faculdade de Engenharia Naval do Pará, o projeto elaborado pela UFPA teve custo de R$ 1,5 milhão, enquanto o da CB&I teria custado à Vale, que o patrocinou, R$ 20 milhões. Agora, a Universidade Federal do Paraná está fazendo uma adequação desse segundo projeto, que antes não obteve aprovação do DNIT. A entrega do novo estudo, revisado, está marcada para a próxima sexta-feira, dia 29. O DNIT já avisou que pretende lançar o edital de sua licitação ainda em dezembro. Difícil é acreditar nisso, sobretudo em se tratando de um projeto que não tem ainda licenciamento ambiental.
         

Sem Alpa, Marabá busca novos caminhos

         
Líder político e empresarial com grande influência em Marabá e em toda a região sudeste do Pará, o empresário Ítalo Ipojucan, ex-presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae e da Associação Comercial e Industrial de Marabá, ainda não jogou a toalha em relação às obras de derrocamento do rio Tocantins. O projeto é uma pré-condição para consolidar o eixo hidroviário a partir daquela cidade até o porto de Vila do Conde, em Barcarena. Para ele, a navegação terá no futuro um papel estratégico no desenvolvimento do agronegócio em toda aquela região.
         
A execução do projeto de derrocamento era também condição necessária para a implantação da Alpa, a Aços Laminados do Pará, uma siderúrgica projetada pela Vale a pedido do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No empreendimento siderúrgico, Ítalo Ipojucan, ex e hoje novamente secretário municipal de Indústria, Comércio, Mineração, Ciência e Tecnologia de Marabá, já não leva a menor fé. “Não acredito que o projeto Alpa, pelo menos no médio prazo, seja passível de realização”, disse ele, lastreando seu ponto de vista em dois fatores. Um, o cenário econômico internacional, pouco favorável a empreendimentos desse tipo. Dois, a nova estratégia de negócios adotada pela Vale, de privilegiar investimentos em ativos de retorno mais imediato.
        
Para Ítalo Ipojucan, o caso Alpa foi “uma expectativa frustrada, que nos custou muito caro”. O desfecho melancólico do empreendimento, aparentemente já arquivado pela direção da Vale, porém, não deve ser visto, na opinião dele, como motivo de indisposição com a mineradora, cuja atuação continua sendo, do ponto de vista econômico, muito importante para Marabá e toda a região. “Decididamente, a Alpa não é algo que devamos mais ficar aguardando”, disse ele, acrescentando que as atenções se voltam agora para o fortalecimento da logística com a navegação e a reconfiguração do cenário econômico para a atração de novas indústrias.
         
A plataforma redesenhada para o setor industrial em Marabá, segundo Ítalo Ipojucan, já começa a dar resultados concretos. Um exemplo é o da empresa Correias Mercúrio, com sede em Jundiaí, São Paulo. Maior fabricante e exportadora de correias industriais do Brasil, ela foi atraída por gestões da Secretaria da Indústria, Comércio e Mineração do Estado e hoje já tem praticamente um pé em Marabá. Como a Mercúrio é uma grande fornecedora para o setor de mineração, tendo inclusive a Vale como um de seus grandes clientes, considera Ítalo Ipojucan que novas oportunidades de negócios se abrem na região.
         
“Isso mostra o quanto a Vale continua sendo importante para nós. A sintonia da Vale com os interesses da cidade e do Estado tem a capacidade de atrair novas empresas”, disse ele. As perspectivas que se abrem para novos investimentos na região foram ressaltadas também pelo secretário de Indústria, Comércio e Mineração do Estado, David Leal. Ele disse que a Mercúrio não virá sozinha, mas deverá atrair para Marabá também os seus fornecedores.
       
Ainda no setor mineral, Ítalo Ipojucan acena com a possibilidade de dois novos empreendimentos voltados para a produção de cimento, sendo um tocado pelo Grupo Votorantim, que já explora uma mina de calcário entre Marabá e Xambioá, e outro em estudo pela Sidepar, que iniciou suas atividades naquele município com a produção de gusa. Outro setor que vem ganhando dinâmica surpreendente, conforme frisou, é o comércio atacadista. “Várias grandes empresas do Brasil começam a se instalar em Marabá com suas estruturas de atacado”, finalizou.
      
(Diário do Pará).
       

Por que depois de comer a gente fica com sono?

por Yuri Vasconcelos

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Porque o fluxo sanguíneo aumenta na direção do estômago e do intestino, para ajudar no processo da digestão, e o sistema nervoso fica menos irrigado. Com menos sangue chegando, diminui também o transporte de oxigênio. "Quando existe menos oxigênio no cérebro, o organismo entra em estado de falsa hibernação e, por isso, sentimos sono", afirma a nutricionista paulista Vanderli Marchiori.
Essa é a explicação fisiológica clássica, mas, recentemente, uma equipe de cientistas da Universidade de Manchester, na Inglaterra, apontou outro fator envolvido nessa questão. Eles descobriram um mecanismo pelo qual o cérebro interrompe seu estado de alerta depois que comemos. Segundo os cientistas ingleses, a glicose, o açúcar encontrado nos alimentos, faz com que as células nervosas que nos mantêm alertas parem de emitir sinais para deixar as pessoas acordadas. 
Quando o corpo humano precisa de combustível - ou seja, comida -, os sinais de alerta são emitidos a todo momento. Mas, quando a fome é saciada, o cérebro pára de mandar tais sinais, daí a moleza que toma conta do corpo. Assim, depois daquela macarronada do domingo, somos dominados por uma vontade irresistível de tirar uma soneca.

quinta-feira 28 2013

TRF1 determina que Ibama mantenha o escritório regional de Tucuruí (PA)

TRF1 determina que Ibama mantenha o escritório regional de Tucuruí (PA). 
   
Decisão atendeu recurso do MPF, apresentado diante da preocupação com as consequências do fechamento do órgão para a região. 
   
O Tribunal Regional Federal da 1ª Região decidiu, após recurso do Ministério Público Federal (MPF-PA), determinar que o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais (Ibama) mantenha as atividades da unidade avançada do Instituto no município de Tucuruí. O pedido liminar do MPF, que visava à continuidade da unidade na região, havia sido indeferido em decisão anterior da Justiça Federal em Tucuruí (PA).
    
De acordo com texto da decisão, assinada pelo Desembargador Federal Kassio Nunes Marques, “a região de Tucuruí, no Pará, apresenta peculiaridades que a alçam como de relevância diferenciada a merecer a proteção ambiental”, tais como a presença de Terras Indígenas, a pesca predatória, a operação da Usina Hidrelétrica de Tucuruí, entre outras atividades que merecem a especial atenção do Estado através do IBAMA.
    
Para o Desembargador Federal, o argumento de que a unidade do Ibama em Tucuruí apresenta baixa produtividade, não é suficiente para justificar o fechamento. Ao invés da desativação da unidade, melhor seria que se propusesse o seu aprimoramento para enfrentar os desafios ambientais da região.
    
“A desativação de um órgão federal descentralizado de fiscalização ambiental, em um momento de intensificação da exploração do meio ambiente, afigura-se, a princípio, como autêntico retrocesso de uma conquista social bem como um retrocesso na política de implementação da proteção ambiental”, ressalta texto da decisão, que é do dia 22 e foi publicada hoje (27) no Diário da Justiça.
   
A decisão, que ainda é provisória, foi tomada no mesmo sentido da “Carta de Belém”, publicada no Encontro Regional dos Procuradores da República na Amazônia, em de outubro de 2013, segundo a qual “O fechamento de escritórios do IBAMA na região amazônica provoca um déficit em sua atuação, principalmente a fiscalizatória, o que vai de encontro aos princípios constitucionais de proteção ambiental”.
   
Processo nº 0068726-07.2013.4.01.0000
Acompanhamento Processual
Íntegra do agravo de instrumento
Íntegra da Decisão
   
Ministério Público Federal no Pará
Assessoria de Comunicação
(91) 3299-0148 / 3299-0177 / 8403-9943 / 8402-2708
ascom@prpa.mpf.gov.br
http://www.prpa.mpf.mp.br/
http://twitter.com/MPF_PA
http://www.facebook.com/MPFPara
     
Nota do Folha: Parabéns ao Ministério Público Federal.
           

"Bota" cor-de-rosa é encontrada morta no cais de Tucuruí

Foi encontrado morto hoje um boto cor-de-rosa fêmea no Cais de Tucuruí. O animal de um bom tamanho pesava aproximadamente uns 200 quilos.
        
A "bota" estava sem os olhos e os órgãos sexuais, que foram arrancados não se sabe se por populares que encontraram o corpo do animal ou se foram arrancados por quem matou o animal, caso o mesmo tenha sido abatido por pescadores. Na verdade os olhos e órgãos sexuais dos botos têm um alto valor econômico como amuletos e na magia sexual.
           
Vejam as imagens da "bota".
         

A "bota" encontrada morta no Cais de Tucuruí.

A "bota" de outro ângulo.

Detalhe do local onde os órgãos sexuais do animal foram arrancados.
Leiam agora este artigo com informações sobre o boto cor-de-rosa, suas lendas amazônicas e sobre a matança do animal para comercialização de órgãos para amuletos e magia e até para satisfação sexual dos "homens". Como ninguém sabe como a "bota" foi parar no cais e como ela morreu, este é mais um mistério em Tucuruí.
           
O filho do boto cor de rosa   
         
Flavio Calazans
       
A floresta amazônica tem seu encanto, seu ar exótico e misterioso que seduz e fascina os povos estrangeiros. Europeus, japoneses e norte-americanos veêm nela a força primitiva e inconsciente, o poder de vida e fertilidade, o instinto, o paraíso perdido e os prazeres proibidos a eles, civilizados. 
         
Pois é no famoso rio Amazonas, gigantesca e lendária artéria, estrada de água-navegação fluvial, que a lenda surgiu; primeiro de tudo, esta lenda não é cabocla, de colonos europeus, mas ela foi criada, surgiu de uma cultura anterior, pré-colombiana. 
        
Na primeira vez que vi o boto cor de rosa estava em uma canoa, em uma expedição com amigos pesquisadores, e o balé deles teve um efeito hipnótico e fascinante sobre mim. 
      
Foram as tribos de índios que primeiro sonharam a lenda do Boto, e algumas falam que seria o boto vermelho, muito mais raro, o verdadeiro “Rei do Rio”, e não o cor-de-rosa, mais comum, e que a expedição de Jacques Cousteau não conseguiu filmar um Boto Vermelho, daí Cousteau não o citar e nem acreditar nele. 
       
O boto cor-de-rosa é um mamífero, tem sangue quente, seu nome científico é Inia Geoffrensis e é um cetáceo, assim como os golfinhos e baleias. Só que a principal diferença entre eles é que o nosso boto brasileiro vive nadando nos rios da bacia do Amazonas, pois só nada em água doce, enquanto seus primos cetáceos nadam nos mares e oceanos de água salgada. 
           
O nosso boto brasileiro, que os norte-americanos chamam de “pink dolphin” (golfinho rosado), tem a pele rosada como um ser humano e é uma criatura de grande inteligência e sensibilidade. É pacífico, incapaz de uma agressão violenta a um ser humano; mesmo quando provocado ele perdoa, compreende, da mesma forma que um adulto entende quando uma criança pequena lhe dá um tapa e, assim, não reage. 
         
Não é que ele também é útil, e ajuda os pescadores dos rios amazônicos?! 
                 
Pois é isto mesmo. Os botos cor-de-rosa cercam os peixes e vão acuando-os contra as redes das canoas, como cães-pastores. Eles comem os peixes que querem em troca, e os pescadores têm suas redes cheias. 
            
Mas não é só isto que eles fazem: os botos brasileiros também devoram as piranhas, limpam os rios infetados por elas, tirando este perigo e tornando as viagens de canoa mais seguras e tranqüilas. 
         
Se você já teve a oportunidade de ver um boto nadando, então deve ter percebido o modo como ele ondula o corpo: a coluna vertebral vai e vem, fora d’água, em movimentos que lembram muito, pode-se até dizer que são exatamente iguais aos de um homem deitado sobre a mulher na relação sexual. 
          
Quando nada, o boto brasileiro assemelha-se muito a um homem copulando, pois seus movimentos são rápidos, sensuais, elegantes, e a pele rosada lembra mais ainda a de uma pessoa. 
                
Foi de tanto ver estes movimentos que os pescadores criaram a lenda do “Filho do Boto”. 
                   
Diz a lenda que, nas noites de lua cheia, quando há festa nos povoados de pescadores, surge um moço muito bonito, sorridente, simpático, charmoso, bem vestido, de chapéu, que convida as moças donzelas, virgens, para dançar. 
         
O moço bonito dança bem, é sedutor e sensual, não tira seus olhos dos olhos da jovem, como que hipnotizando-a, e parece interessado e apaixonado por ela. 
         
Aí então ele a leva para o mato, onde a acaricia e beija de modo irresistível. Suas mãos e lábios têm uma tal magia que a moça perde o controle totalmente e entrega-se a ele, deixa-se despir por ele, precisa sentir as mãos e a boca dele nos ombros, nos seios, na barriga, nas coxas... As carícias dele são gostosas demais, são ternamente suaves, por demais irresistíveis. 
            
A donzela permite que ele a possua e a desvirgine, e não consegue pensar no que está fazendo. Está enlouquecida de prazer, pois tamanha é a magia deste homem silencioso, que fala pouco, mas cada fala sua é um suspiro, um sussurro no seu ouvido, sua voz é uma carícia. 
          
Mas ele nunca tira o chapéu, nem por um momento! 
           
E ao amanhecer, a moça acorda, nua e sozinha no mato, e percebe que está perto da margem do rio. E nunca mais ninguém viu ou verá o moço misterioso. 
          
Logo, logo, ela descobre que está grávida. E, para explicar ao pai, ela e a mãe contam que ela foi vítima do Boto, contam que foi vítima de um encantamento, um feitiço, uma magia de sedução a que mulher nenhuma consegue resistir. 
            
O Boto a tinha visto do rio, e esperou uma data de lua cheia com festa no arraial da vila para então virar homem e, transformado, entrar no povoado para fazer amor com ela. Ele a viu e apaixonou-se, ele a escolheu e a desejou, e veio possuí-la. 
          
Por isto, o moço não tirava nunca seu chapéu, que era para que ninguém visse o buraco no topo da cabeça, o furo pelo qual ele respira, o furo do boto, o respirador. 
         
Todo filho de mãe solteira nos rios da floresta amazônica é um “Filho do Boto”, e as mães destes filhos sem pai são as “Mulheres do Boto”. 
          
No imaginário dos pescadores, o boto que nada tão sexualmente, de pele lisa rosada e olhos inteligentes, olhar profundo, é um grande amante, um sedutor irresistível, um mágico que tem poder sobre as mulheres. 
         
Pela lógica, se ele é tão poderoso como amante a ponto de nenhuma moça conseguir negar-se a ele, e havendo tantas moças em todas as vilas, que todo povoado tem um filho do Boto, então por que razão os pescadores humanos não poderiam partilhar, comungar deste poder? 
        
Então, sempre que vêem um boto, os ex-namorados ciumentos e pais vingativos atiram suas flechas, lanças e arpões para ferir e matar o Boto que abusou, que fez mal e deflorou suas mulheres. 
          
E, além da vingança, existem os caçadores profissionais de botos, que os capturam para arrancar-lhes, ainda vivos nas canoas, os olhos, a mandíbula e os órgãos sexuais. Estas partes são vendidas como amuletos nas feiras do Norte e Nordeste do Brasil, sendo até anunciadas em jornais do Rio de Janeiro e São Paulo. 
       
É que aos testículos do boto é conferida uma magia afrodisíaca. Seus órgãos sexuais ditos mágicos, usados pelo homem, fazem transferir a magia sexual do boto para ele, que se torna um Casanova, um Don Juan, um irresistível sedutor a quem moça nenhuma conseguirá dizer não. E, além disto, ele será mais viril, potente, insaciável, tendo mais e mais ejaculações em cada encontro. 
             
Além dos botos assassinados pelos pais e namorados “cornudos” e dos capturados pela indústria de amuletos afrodisíacos, também morrem muitos botos por acidente, presos em redes de pescadores. Pois emaranhados, eles não conseguem subir para respirar o ar (lembremos que são mamíferos de sangue quente e que respiram como nós) e morrem afogados... Outros, ainda, são envenenados por agrotóxicos. 
         
Por outro lado, as fêmeas do boto cor-de-rosa tem um destino pior, pois se os machos jsão imediatamente mutilados ao serem capturados e morrem logo em seguida devido à dor e hemorragia, e os afogados ou arpoados morrem em minutos, as fêmeas desta espécie sofrem mais tempo, dias até... 
      
Elas têm a pele macia e lisa, cor-de-rosa, quente (como a dos mamíferos). 
         
Elas têm olhos grandes e profundos, bonitos e amorosos. 
            
Elas têm órgãos sexuais parecidos com os das mulheres humanas, lábios vaginais lubrificados e uma vagina quase tão profunda quanto - um túnel do amor, quente e apertado, sem pêlos, lisinho. 
          
Os pescadores, então, capturam as fêmeas durante as pescarias de vários dias para satisfazer seus instintos sexuais. Elas são amarradas por eles no chão da canoa para servirem de “mulher” aos pescadores. 
          
É chocante, mas é uma verdade documentada. Os pescadores gostam de manter relações sexuais com as fêmeas, capturando-as sempre que podem; é a alegria da canoa, todos mantem relaçòes sexuais com ela, até que ela morra pela fome e com a pele ressecada pelo ar e sol. 
          
Há histórias de pescador sobre uma boto cor de rosa fêmea que viveu dez dias em uma canoa servindo de “mulher” ao grupo de pescadores, com a pele cheia de bolhas de queimaduras de sol e GRÁVIDA, lutando pela vida do filhote quando foi resgatada pela guarda florestal; assim corre perigo de extinção o boto cor de rosa do Amazonas. 
          

quarta-feira 27 2013

Prefeitura de Tucuruí há nove meses não faz repasse à APAE

APAE Tucuruí.
      
A Prefeitura de Tucuruí deixou de fazer o repasse à Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais de Tucuruí (APAE) deste fevereiro deste ano. 
    
O que é a APAE?
     
As APAEs têm como principal missão prestar serviços de assistência social no que se diz respeito à melhoria da qualidade de vida da pessoa portadora de deficiência, conscientizando cada vez mais a sociedade. Promover e articular ações de defesa dos direitos das pessoas com deficiência e representar o movimento perante os organismos nacionais e internacionais, para a melhoria da qualidade dos serviços prestados pelas Apaes, na perspectiva da inclusão social de seus usuários.
     
Quer dizer, a Prefeitura tem dinheiro para empregar parentes e cabos eleitorais de políticos ligados ao prefeito, para isso não falta. Dinheiro para fazer festa também tem. Mas dinheiro para uma ONG como a APAE que presta um grande e inestimável serviço à sociedade não tem...
      
ISSO É UMA VERGONHA!!!