As mudanças não foram tantas, nem tão profundas, ou nem na velocidade que gostaríamos, mas Márlon Reis nos brinda com um sumario dos avanços de 2015, importante para a contabilidade cidadã. Vejam este texto do Juiz Márlon Reis:
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Juiz Márlon Reis |
Um rápido diário de bordo de 2015, para quem acha que não foi um ano bom
- O Supremo Tribunal Federal declarou inconstitucionais as doações de empresas a candidatos, pondo fim à aceitação oficial do abuso do poder econômico, que agora pode ser combatido, estimulando a candidatura de maior número líderes autênticos;
- Ainda o Supremo Tribunal Federal proibiu as doações ocultas, permitindo que o eleitor saiba quem de fato está bancando a campanha de cada candidato;
- O Congresso Nacional, pressionado pela sociedade, sepultou a proposta abjeta denominada "Distritão";
- O Senado Federal rejeitou a proposta de manutenção das doações empresariais;
- Foi limitado a seis o número de partidos que podem ter os tempos de propaganda no rádio e na televisão somados nas coligações em cargos majoritários, enfraquecendo as chamadas "legendas de aluguel";
- o TSE manteve o entendimento de que prefeitos ordenadores de despesa ficam inelegíveis já após a rejeição das contas pelos tribunais de contas, afastando a necessidade de pronunciamento das Câmaras de Vereadores;
- Doações a candidatos terão que ser declaradas oficialmente na internet em até 72 horas após o recebimento, propiciando um grau de transparência às contas de campanha sem precedentes na nossa história;
- Centenas de organizações sociais e milhares de voluntários se mobilizaram para impedir a aprovação de uma "Reforma Política às avessas" pelo Congresso Nacional... e tiveram êxito;
- MCCE, OAB, CNBB e diversas outras organizações sociais anunciaram para 2016 a realização de uma Campanha Nacional contra o Caixa 2.
Então, você ainda acha que 2015 foi um péssimo ano?
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Opinião do Folha
O ano de 2015 foi muito positivo com relação á luta contra a corrupção. Denuncias, investigações e punições por corrupção de políticos e empresários poderosos não são um indício de aumento da corrupção e sim uma demonstração de que as instituições, a transparência pública, a liberdade de informação e de expressão estão funcionando como deveriam.
O oposto disso, e ai sim deveríamos ficar preocupados, seria a censura, o engavetamento de processos e denuncias. A tal crise política não passa dos estertores e a da reação desesperada dos políticos ameaçados com cassações e processos, é como nos "Jogos Vorazes", cada um querendo salvar a sua pele de qualquer forma e a qualquer preço, mesmo que para isso tenham que sacrificar a democracia e o Estado de Direito tão duramente conquistados com muito trabalho, suor e sangue.
Felizmente, com o acesso sem censura à informação pela internet e as redes sociais, a população não se deixa mais manipular pela grande mídia e pelos políticos corruptos que defendem exclusivamente seus interesses pessoais e de grupos. Os políticos corruptos se acostumaram a controlar a informação e a manipular as emoções das massas, que desta forma tomam decisões erradas e passionais direcionadas aos objetivos inconfessáveis dos bandidos, abdicando da razão e do raciocínio lógico.
A verdadeira crise é no sistema político corrupto, que está se sentindo ameaçado e que está sofrendo as investidas dos movimentos sociais, da mídia independente e livre, e dos novos juízes, promotores e policiais, com uma nova visão de país e de moral social e cívica.
Quer ver a realidade da tal "crise" financeira no Brasil? Quando um país está "quebrado", as instituições financeiras também quebram, pois aumenta a inadimplência, já que sem dinheiro a população não paga suas dívidas e muito menos taxas e juros bancários.
Dois exemplos foram as crises dos EUA e da Grécia quando os governos tiveram que injetar trilhões para evitar a quebradeira dos bancos, mas enquanto isso no Brasil os bancos tem lucros históricos, como explicar isso?
Existe realmente uma crise mundial, mas até que ponto esta crise é artificial? Vejam por exemplo o petróleo, coincidentemente quando os EUA se tornaram autossuficientes em petróleo através da tecnologia de extração do óleo do xisto (abundante nos EUA), e justamente quando o Brasil descobre petróleo no pré-sal, a OPEP resolve aumentar a produção reduzindo o preço do petróleo para tentar inviabilizar a extração do óleo de xisto nos EUA e a extração de petróleo do pré-sal no Brasil, ambas as formas de extrair óleo nos EUA e no Brasil tem um custo mais elevado que a extração do óleo no Oriente Médio.
No Brasil tivemos muitos avanços em 2015 na luta contra a corrupção, mas a sociedade deve ficar atenta, deve agir e pensar de forma racional, não se deixando manipular por apelos emocionais, principalmente os apelos que tem como base o ódio e o preconceito seja ele de que espécie for. A emoção sempre foi uma péssima conselheira quando se trata de assuntos políticos e financeiros.
Lembrem que os políticos corruptos geralmente são hábeis manipuladores dos fatos e das emoções do povo, principalmente quando tem o apoio dos grandes grupos de comunicação de massa.