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sábado 09 2010

Na televisão, farpas e mudanças tímidas

Programas eleitorais de José Serra e Dilma Rousseff embarcam na briga pelo eleitor sensível à religiosidade
 
Ivan Iunes

Brasília - Um apanhado das principais palavras pronunciadas pelos presidenciáveis, no retorno do horário eleitoral, mostra que nenhum outro tema foi mais explorado por Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) do que a religião. 
 
A volta ao rádio e televisão em rede nacional trouxe uma petista preocupada em não provocar faíscas com temas sensíveis ao eleitor religioso e um tucano ávido por carimbar na adversária a imagem de que ela mudou de posicionamento a respeito do aborto apenas por conta do pleito. Não por acaso, nenhuma outra expressão foi mais acionada por Serra do que a "defesa da vida", enquanto Dilma abusou de "família" e "fé".

Os programas mantiveram, na reestreia, a mesma estratégia usada até o fim do primeiro turno. O tucano buscou criticar a petista, questionando o passado de Dilma e sua falta de experiência em cargos eletivos. Uma ligeira mudança de rumo foi sentida com a inclusão da presença do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. 
 
Serra defendeu que FHC trouxe estabilidade e modernizou o país, além de reivindicar para o colega a paternidade dos programas sociais, que teriam tido sequência no governo Lula. A edição chegou a mostrar as fotos oficiais do ex-presidente e uma de Serra, sugerindo que seria ele o próximo ocupante do Palácio do Planalto.

O ponto forte do programa tucano foi a associação de Dilma à polêmica em torno da descriminalização do aborto. Serra mostrou várias modelos grávidas, para se dizer contrário ao aborto e ainda acusou a petista de mentir. "Esse é José Serra, homem que nunca se envolveu em escândalos e que sempre foi coerente. 
 
Sempre condenou o aborto e defendeu a vida", apresentou. "Você me conhece, sabe da minha franqueza e que não mudo de opinião na véspera", provocou. No campo das propostas programáticas, sem novidades. O tucano voltou a listar as mesmas promessas do primeiro turno, sendo a mais expressiva a criação do programa mãe brasileira, voltado para gestantes.

Submundo - A petista utilizou seus dez minutos para se defender das acusações de que teria mudado de posicionamento em relação à descriminalização do aborto. A defesa mais contundente partiu do presidente Lula, que ressaltou que, assim como já acontecera com ele, Dilma também estaria sofrendo campanha caluniosa. 
 
O programa petista também aproveitou para ressaltar as diferenças entre os governos de FHC e Lula. Segundo o vídeo, se os tucanos tivessem permanecido no poder, o Bolsa Família, o Minha Casa, Minha Vida e o Luz para todos não teriam existido. 
 
Para tentar angariar votos de Marina Silva (PV), Dilma ressaltou que o resultado das duas no primeiro turno somava 67% dos votos, o que indicaria a preferência do brasileiro por candidatos do sexo feminino.

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