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sexta-feira 05 2011

Que país é esse?


Que país é este que junta milhões numa marcha gay, outros milhões numa marcha evangélica, muitas centenas numa marcha a favor da maconha, mas que não se mobiliza contra a corrupção?

Juan Arias, correspondente no Brasil do jornal espanhol El País.

13 comentários:

  1. Por que os brasileiros não reagem? (Parte 1)
    Por JUAN ARIAS (traduzido do original em espanhol)

    O fato de que em apenas seis meses de governo a presidente Dilma Rousseff tenha tido que afastar dois ministros importantes, herdados do gabinete de seu antecessor Luiz Inácio Lula da Silva (o da Casa Civil da Presidência, Antonio Palocci - uma espécie de primeiro-ministro - e o dos Transportes, Alfredo Nascimento), ambos caídos sob os escombros da corrupção política, tem feito sociólogos se perguntarem por que neste país, onde a impunidade dos políticos corruptos chegou a criar uma verdadeira cultura de que "todos são ladrões" e que "ninguém vai para a prisão", não existe o fenômeno, hoje em moda no mundo, do movimento dos indignados.
    Será que os brasileiros não sabem reagir à hipocrisia e à falta de ética de muitos dos que os governam? Não lhes importa que tantos políticos que os representam no governo, no Congresso, nos estados ou nos municípios sejam descarados salteadores do erário público?
    É o que se perguntam não poucos analistas e blogueiros políticos.
    Nem sequer os jovens, trabalhadores ou estudantes, manifestaram até agora a mínima reação ante a corrupção daqueles que os governam.
    Curiosamente, a mais irritada diante do saque às arcas do Estado parece ser a presidente Rousseff, que tem mostrado publicamente seu desgosto pelo "descontrole" atual em áreas do seu governo e tirou literalmente - diz-se que a purga ainda não acabou - dois ministros-chave, com o agravante de que eram herdados do seu antecessor, o popular ex-presidente Lula, que teria pedido que os mantivesse no seu governo.

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  2. Por que os brasileiros não reagem? (Parte 2)
    Por JUAN ARIAS (traduzido do original em espanhol)

    A imprensa brasileira sugere que Rousseff começou - e o preço que terá que pagar será elevado - a se desfazer de uma certa "herança maldita" de hábitos de corrupção que vêm do passado.
    E as pessoas das ruas, por que não fazem eco ressuscitando também aqui o movimento dos indignados? Por que não se mobilizam as redes sociais?

    O Brasil, que, motivado pela chamada marcha das Diretas Já (uma campanha política levada a cabo durante os anos 1984 e 1985, na qual se reivindicava o direito de eleger o presidente do país pelo voto direto), se lançou nas ruas contra a ditadura militar para pedir eleições, símbolo da democracia, e também o fez para obrigar o ex-presidente Fernando Collor de Mello (1990-1992) a deixar a Presidência da República, por causa das acusações de corrupção que pesavam sobre ele, hoje está mudo ante a corrupção.
    As únicas causas capazes de levar às ruas até dois milhões de pessoas são a dos homossexuais, a dos seguidores das igrejas evangélicas na celebração a Jesus e a dos que pedem a liberalização da maconha.

    Será que os jovens, especialmente, não têm motivos para exigir um Brasil não só mais rico a cada dia ou, pelo menos, menos pobre, mais desenvolvido, com maior força internacional, mas também um Brasil menos corrupto em suas esferas políticas, mais justo, menos desigual, onde um vereador não ganhe até dez vezes mais que um professor e um deputado cem vezes mais, ou onde um cidadão comum depois de 30 anos de trabalho se aposente com 650 reais (300 euros) e um funcionário público com até 30 mil reais (13 mil euros).

    O Brasil será em breve a sexta potência econômica do mundo, mas segue atrás na desigualdade social, na defesa dos direitos humanos, onde a mulher ainda não tem o direito de abortar, o desemprego das pessoas de cor é de até 20%, frente a 6% dos brancos, e a polícia é uma das que mais matam no mundo.

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  3. Por que os brasileiros não reagem? (Parte 3)
    Por JUAN ARIAS (traduzido do original em espanhol)

    Há quem atribua a apatia dos jovens em ser protagonistas de uma renovação ética no país ao fato de que uma propaganda bem articulada os teria convencido de que o Brasil é hoje invejado por meio mundo, e o é em outros aspectos.
    E que a retirada da pobreza de 30 milhões de cidadãos lhes teria feito acreditar que tudo vai bem, sem entender que um cidadão de classe média europeia equivale ainda hoje a um brasileiro rico.

    Outros atribuem o fato à tese de que os brasileiros são gente pacífica, pouco dada aos protestos, que gostam de viver felizes com o muito ou o pouco que têm e que trabalham para viver em vez de viver para trabalhar. Tudo isso também é certo, mas não explica que num mundo globalizado - onde hoje se conhece instantaneamente tudo o que ocorre no planeta, começando pelos movimentos de protesto de milhões de jovens que pedem democracia ou a acusam de estar degenerada - os brasileiros não lutem para que o país, além de enriquecer, seja também mais justo, menos corrupto, mais igualitário e menos violento em todos os níveis.

    Este Brasil, com o qual os honestos sonham deixar como herança a seus filhos e que - também é certo - é ainda um país onde sua gente não perdeu o gosto de desfrutar o que possui, seria um lugar ainda melhor se surgisse um movimento de indignados capaz de limpá-lo das escórias de corrupção que abraçam hoje todas as esferas do poder.

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  4. Postado no blog do Reinaldo Azevedo (Parte 1):

    Por que o brasileiro não se indigna e não vai à praça protestar contra a corrupção? Ensaio uma resposta antes de alguns dias de folga

    Juan Arias, correspondente do jornal espanhol El País no Brasil, escreveu no dia 7 um artigo indagando onde estão os indignados do Brasil. Por que não ocupam as praças para protestar contra a corrupção e os desmandos? Não saberiam os brasileiros reagir à hipocrisia e à falta de ética dos políticos? Será mesmo este um país cujo povo tem uma índole de tal sorte pacífica que se contentaria com tão pouco? Publiquei, posts abaixo, a íntegra de seu texto.

    Afirmei que ensaiaria uma resposta, até porque a indagação de Arias, um excelente jornalista, é procedente e toca, entendo, numa questão essencial dos dias que correm. A resposta não é simples nem linear. Há vários fatores distintos que se conjugam. Vamos lá.

    Povo privatizado

    O “povo” não está nas ruas, meu caro Juan, porque foi privatizado pelo PT. Note que recorro àquele expediente detestável de pôr aspas na palavra “povo” para indicar que o sentido não é bem o usual, o corriqueiro, aquele de dicionário. Até porque este escriba não acredita no “povo” como ente de valor abstrato, que se materializa na massa na rua. Eu acredito em “povos” dentro de um povo, em correntes de opinião, em militância, em grupos organizados — e pouco importa se o que os mobiliza é o Facebook, o Twitter, o megafone ou o sino de uma igreja.

    Não existe movimento popular espontâneo. Essa é uma das tolices da esquerda de matriz anarquista, que o bolchevismo e o fascismo se encarregaram de desmoralizar a seu tempo. O “povo na rua” será sempre o “povo na rua mobilizado por alguém”. Numa anotação à margem: é isso o que me faz ver com reserva crítica — o que não quer dizer necessariamente “desagrado” — a dita “Primavera Árabe”. Alguém convoca os “povos”.

    No Brasil, as esquerdas, os petistas em particular, desde a redemocratização, têm uma espécie de monopólio da praça. Disse Castro Alves: “A praça é do povo como o céu é do condor”. Disse Caetano Veloso: “A praça é do povo como o céu é do avião” (era um otimista; acreditava na modernização do Bananão). Disse Lula: “A praça é do povo como o povo é do PT”. Sim, responderei ao longo do texto por que os não-petistas não vão às ruas quase nunca. Um minutinho. Seguindo.

    O “povo” não está nas ruas, meu caro Juan Arias, porque o PT compra, por exemplo, o MST com o dinheiro que repassa a suas entidades não exatamente para fazer reforma agrária, mas para manter ativo o próprio aparelho político — às vezes crítico ao governo, mas sempre unido numa disputa eleitoral.

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  5. Postado no blog do Reinaldo Azevedo (Parte 2):

    Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Haddad, ministro da Educação e candidato in pectoredo Apedeuta à Prefeitura de São Paulo, estarão neste 13 de julho no 52º Congresso da UNE. Os míticos estudantes não estão nas ruas porque empenhados em seus protestos a favor. Você tem ciência, meu caro Juan, de algum outro país do mundo em que se fazem protestos a favor do governo? Talvez na Espanha fascista que seus pais conheceram, felizmente vencida pela democracia. Certamente na Cuba comuno-fascistóide dos irmãos Castro e na tirania síria. E no Brasil. Por quê?

    Porque a UNE é hoje uma repartição pública alimentada com milhões de reais pelo lulo-petismo. Foi comprada pelo governo por quase R$ 50 milhões. Nesse período, esses patriotas, meu caro Juan, se mobilizaram, por exemplo, contra o “Provão”, depois chamado de Enade, o exame que avalia a qualidade das universidades, mas não moveram um palha contra o esbulho que significa, NA FORMA COMO EXISTE, o ProUni, um programa que já transferiu bilhões às mantenedoras privadas de ensino, sem que exista a exigência da qualidade.

    Não se esqueça de que a UNE, durante o mensalão, foi uma das entidades que protestaram contra o que a canalha chamou “golpe da mídia”. Vale dizer: a entidade saiu em defesa de Delúbio Soares, de José Dirceu, de Marcos Valério e companhia. Um de seus ex-presidentes e então um dos líderes das manifestações que resultaram na queda de Fernando Collor é hoje senador pelo PT do Rio e defensor estridente dos malfeitos do PT. Apontá-los, segundo o agora conservador Lindbergh Farias, é coisa de conspiração da “elites”. Os antigos caras-pintadas têm hoje é a cara suja; os antigos caras-pintadas se converteram em verdadeiros caras-de-pau.

    Centrais sindicais

    O que alguns chamam “povo”, Juan, chegaram, sim, a protestar em passado nem tão distante, no governo FHC. Lá estava, por exemplo, a sempre vigilante CUT. Foi à rua contra o Plano Real. E o Plano Real era uma coisa boa. Foi à rua contra a Lei de Responsabilidade Fiscal. E a Lei de Responsabilidade Fiscal era uma coisa boa. Foi à rua contra as privatizações. E as privatizações eram uma coisa boa. Saiba, Juan, que o PT votou contra até o Fundef, que era um fundo que destinava mais recursos ao ensino fundamental. E onde estão hoje a CUT e as demais centrais sindicais?

    Penduradas no poder. Boa parte dos quadros dos governos Lula e Dilma vem do sindicalismo — inclusive o ministro que é âncora dupla da atual gestão: Paulo Bernardo (Comunicações), casado com Gleisi Hoffmann (Casa Civil). O indecoroso Imposto Sindical, cobrado compulsoriamente dos trabalhadores, sejam sindicalizados ou não, alimenta as entidades sindicais e as centrais, que não são obrigadas a prestar contas dos milhões que recebem por ano. Lula vetou o expediente legal que as obrigava a submeter esses gastos ao Tribunal de Contas da União. Os valentes afirmaram, e o Apedeuta concordou, que isso feria a autonomia das entidades, que não se lembraram, no entanto, de serem autônomas na hora de receber dinheiro de um imposto.

    Há um pouco mais, Juan. Nas centrais, especialmente na CUT, os sindicatos dos empregados das estatais têm um peso fundamental, e eles são hoje os donos e gestores dos bilionários fundos de pensão manipulados pelo governo para encabrestar o capital privado ou se associar a ele — sempre depende do grau de rebeldia ou de “bonomia”do empresariado.

    O MST, A UNE E OS SINDICATOS NÃO ESTÃO NAS RUAS CONTRA A CORRUPÇÃO, MEU CARO JUAN, PORQUE SÃO SÓCIOS MUITO BEM-REMUNERADOS DESSA CORRUPÇÃO. E fornecem, se necessário, a mão-de-obra para o serviço sujo em favor do governo e do PT. NÃO SE ESQUEÇA DE QUE A CÚPULA DOS ALOPRADOS PERTENCIA TODA ELA À CUT. Não se esqueça de que Delúbio Soares, o próprio, veio da… CUT!

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  6. Postado no blog do Reinaldo Azevedo (Parte 3):

    Isso explica tudo? Ou: “Os Valores”

    Ainda não!
    Ao longo dos quase nove anos de poder petista, Juan, a sociedade brasileira ficou mais fraca, e o estado ficou mais forte; não foi ela que o tornou mais transparente; foi ele que a tornou mais opaca. Em vez de se aperfeiçoarem os mecanismos de controle desse estado, foi esse estado que encabrestou entidades da sociedade civil, engajando-as em sua pauta.

    Até a antes sempre vigilante Ordem dos Advogados do Brasil flerta freqüentemente com o mau direito — e o STF não menos — em nome do “progresso”. O petismo fez das agências reguladoras meras repartições partidárias, destruindo-lhes o caráter.

    Enfraqueceram-se enormemente os fundamentos de uma sociedade aberta, democrática, plural. Em nome da diversidade, da igualdade e do pluralismo, busca-se liquidar o debate. A Marcha para Jesus, citada por você, à diferença do que querem muitos, é uma das poucas expressões do país plural que existe de fato, mas que parece não existir, por exemplo, na imprensa. À diferença do que pretendem muitos, os evangélicos são um fator de progresso do Brasil — se aceitarmos, então, que a diversidade é um valor a ser preservado.

    Por que digo isso? Olhe para a sua Espanha, Juan, tão saudavelmente dividida, vá lá, entre “progressistas” e “conservadores” — para usar duas palavras bastante genéricas —, entre aqueles mais à esquerda e aqueles mais à direita, entre os que falam em nome de uma herança socialista e mais intervencionista, e os que se pronunciam em favor do liberalismo e do individualismo. Assim é, você há de convir, em todo o mundo democrático.

    Veja que coisa, meu caro: você conhece alguma grande democracia do mundo que, à moda brasileira, só congregue partidos que falam uma linguagem de esquerda?

    Pouco importa, Juan, se sabem direito o que dizem e são ou não sinceros em sua convicção. O que é relevante é o fato de que, no fim das contas, todos convergem com uma mesma escolha: mais estado e menos indivíduo; mais controle e menos liberdade individual.
    Como pode, meu caro Juan, o principal partido de oposição no Brasil pensar, no fim das contas, que o problema do PT é de gestão, não de valores? Você consegue se lembrar, insisto, de alguma grande democracia do mundo em que a palavra “direita” virou sinônimo de palavrão? Nem na Espanha que superou décadas de franquismo.

    Imprensa

    Se você não conhece democracia como a nossa, Juan, sabe que, com as exceções que confirmam a regra, também não há imprensa como a nossa no mundo democrático no que concerne aos valores ideológicos. Vivemos sob uma quase ditadura de opinião. Não que ela deixe de noticiar os desmandos — dois ministros do governo Dilma caíram, é bom deixar claro, porque o jornalismo fez o seu trabalho. Mas lembre-se: nesta parte do texto, trato de valores.

    Tome como exemplo o Código Florestal. Um dia você conte em seu jornal que o Brasil tem 851 milhões de hectares. Apenas 27% são ocupados pela agricultura e pela pecuária; 0,2% estão com as cidades e com as obras de infra-estrutura. A agricultura ocupa 59,8 milhões (7% do total); as terras indígenas, 107,6 milhões (12,6%). Que país construiu a agropecuária mais competitiva do mundo e abrigou 200 milhões de pessoas em apenas 27,2% de seu território, incluindo aí todas as obras de infra-estrutura? Tais números, no entanto — do IBGE, do Ibama, do Incra e da Funai — são omitidos dos leitores (e do mundo) em nome da causa!

    A crítica na imprensa foi esmagada pelo engajamento; não se formam nem se alimentam valores de contestação ao statu quo — que hoje, ora veja!, é petista. Por quê? Porque a imprensa de viés realmente liberal é minoritária no Brasil. Dá-se enorme visibilidade aos movimentos de esquerdistas, mas se ignoram as manifestações em favor do estado de direito e da legalidade. Curiosamente, somos, sim, um dos países mais desiguais do mundo, que está se tornando especialista em formar líderes que lutam… contra a desigualdade. Entendeu a ironia?

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  7. Postado no blog do Reinaldo Azevedo (Parte 3):

    Quem vai à rua?

    Ora, Juan, quem vai, então, à rua? Os esquerdistas estão se fartando na lambança do governismo, e aqueles que não comungam de suas idéias e que lastimam a corrupção e os desmandos praticamente inexistem para a opinião pública. Quando se manifestam, são tratados como párias.

    Ou não é verdade que a imprensa trata com entusiasmo os milhões da parada gay, mas com evidente descaso a marcha dos evangélicos? A simples movimentação de algumas lideranças de um bairro de classe média para discutir a localização de uma estação de metro é tratada por boa parte da imprensa como um movimento contra o… “povo”.

    As esquerdas dos chamados movimentos sociais estão, sim, engajadas, mas em defender o governo e seus malfeitos. Afirmam abertamente que tudo não passa de uma conspiração contra os movimentos populares. As esquerdas infiltradas na imprensa demonizam toda e qualquer reação de caráter legalista — ou que não comungue de seus valores ditos “progressistas” — como expressão não de um pensamento diferente, divergente, mas como manifestação de atraso.

    Descrevi, meu caro Juan, o que vejo. Isso tem de ser necessariamente assim? Acho que não! A quem cabe, então, organizar a reação contra a passividade e a naturalização do escândalo, na qual se empenha hoje o PT?
    Essa indagação merecerá resposta num outro texto, que este já vai longe. Fica para depois do meu descanso.

    Do seu colega brasileiro Reinaldo Azevedo.

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  8. Textop de Ateneia Feijó - Jornalista

    É de doer

    A sociedade brasileira estaria anestesiada para permanecer insensível às evidências de corrupção no serviço público do país? E quem ou o que seria responsável por essa anestesia? Ou: o que teria tornado essa sociedade tão apática? A questão sobressaiu nesse último fim de semana. Na mídia, em rodas de conversa, nos debates em família, na coluna do Caetano.

    "El País" à parte, teve quem buscasse as causas dessa apatia em raízes históricas e quem culpasse a atual impunidade por ela. Por falta de capacidade de mobilização é que não seria. Prova disso foram as recentes marchas pela legalização da maconha e pelos direitos dos gays.

    Então, por que não há cidadãos indignados se organizando para protestar contra a corrupção? Parece-me que, antes de tudo, há uma certa resistência da população para entender o que é exatamente essa rede de corruptos e corruptores.

    Para começar, não é time, partido, nem bandeira. Não basta escolher o lado, ficar contra ou a favor. Tem que saber do que se trata. Para complicar, a falta de educação, de instrução e de informação dificulta à maioria das pessoas distinguir o bem público do privado; com suas respectivas funções, ganhos e obrigações.

    É como se todos pudessem exigir comissões, aceitar gorjetas, cobrar taxas de urgência sem qualquer problema. Ou trocar favores. Não podem. Procedimentos desse tipo só cabem nas normas da iniciativa privada. E desde que façam parte de contratos.

    Por quê? Porque a iniciativa privada administra seus negócios com recursos próprios, remunera seus empregados e corre riscos com sua própria marca e dinheiro. Nas prefeituras, nos governos federal e dos estados, a dinâmica é outra. Presidência da República, repartições e funcionários são mantidos por nós, através dos impostos que pagamos, para nos servir respeitosamente. Cabe-nos o acato à autoridade...

    Porém, para haver respeito e autoridade, as transações com quem quer que seja ou com quaisquer empresas têm de ser transparentes porque o ajuste de contas é com 190 milhões de brasileiros. Daí a pergunta. Como pode ser admissível tanta corrupção neste país?
    Apoiados pelo governo (com nosso dinheiro), movimentos sociais, minorias organizadas, estudantes e sindicatos não se motivam em partir para as ruas em protesto contra corruptos e corruptores. Parecem-me convencidos de que tal mobilização seria ir contra o PT. O que é isso, gente? Indignação é um sentimento suprapartidário.

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  9. Na verdade este discurso político/ideológico é só um disfarce, uma desinformação que nada ajuda no combate à corrupção.

    A corrupção no Brasil, incluindo aí os mensalões nasceu muito antes do PT e dos atuais partidos políticos brasileiros existirem.
    A corrupção no Brasil nasceu ainda no Brasil colônia, onde os reis trocavam apoio e dinheiro por cargos públicos e títulos de nobreza.

    Tentar simplificar a questão da corrupção no Brasil culpando apenas um partido político é no mínimo desinformação ou má fé. Não existe hoje no Brasil NENHUM partido político que não esteja contaminado pela corrupção. Isso não quer dizer que não exista político sério, existem sim, mas é minoria infelizmente, e estes exemplos de políticos sérios estão espalhados por todos os partidos, não existe exceções.

    A falta de mobilização do povo contra a corrupção, que hoje é generalizada e está enraizada em TODOS os partidos e instituições, a nosso ver, se deve a vários fatores, muitos deles culturais, mas acreditamos que os principais são:
    1 - Muitos séculos de autoritarismo e ditaduras, a ultima durou vinte anos. A Democracia no Brasil é muito jovem.
    2 - O comprometimento da grande imprensa com governos corruptos e a conseqüente falta de informação do povo. A falta de informação leva à falsa noção de que o que é público não é de ninguém.
    3 - A falta de comprometimento moral dos líderes religiosos, que no Brasil conseguem a proeza de condenar o furto à propriedade privada, e ao mesmo tempo toleram e até mesmo em certas ocasiões se beneficiam e até participam e incentivam o roubo e o saque ao patrimônio público.
    5 - A perversão e a inversão dos valores morais e éticos, a perda do sentimento de povo e de nação, a exacerbação do materialismo e do consumismo, que leva as pessoas a se tornarem cada vez mais egoístas e individualistas.

    A história mostra que todos os povos passaram e passam por esta fase que passamos agora, um dia tudo vai mudar, a população se encheu da ditadura e foi às ruas pelas diretas já e pela cassação do Collor.
    O povo já está se enchendo da corrupção, uma prova disso é a Lei Ficha Limpa, as mudanças estão acontecendo, não com a velocidade que gostaríamos, mas estão acontecendo.
    Vejam o que está ocorrendo em Tucuruí, tudo isso seria impensável a dez anos atrás. Compete a cada um de nós apoiar e trabalhar pela mudança.

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  10. "Na verdade este discurso político/ideológico é só um disfarce, uma desinformação que nada ajuda no combate à corrupção".

    Discurso político/ideológico? Desinformação? Simplificar a questão da corrupção no Brasil culpando apenas um partido político é no mínimo desinformação ou má fé?

    Realmente a corrupção no Brasil, incluindo aí os mensalões nasceu muito antes do PT e dos atuais partidos políticos brasileiros existirem, mas foi no governo petista que ela, a corrupção, ganhou status de endemia institucionalizada e que não pode ser denunciada por ninguém, sob pena de ser tachado de direitista radical.

    Quer dizer que para vocês o PT está mais limpo que bumbum de anjo? Então os articulistas têm razão, pois a indignação é necessariamente um sentimento suprapartidário.

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  11. O grande problema de ALGUMAS pessoas que fazem comentários no Blog é a dificuldade que ALGUNS têm para interpretar texto. Eles Lêem e não entendem o que leram, ai fica difícil.

    Leia de novo o nosso comentário, é muito chato ficar repetindo várias vezes a mesma coisa.

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  12. Voces é que têm uma enorme dificuldade em serem coerentes, principalmente quando qualquer cometário atinge o ético PT.

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  13. O Folha não é palanque ou palco para disputas partidárias, este não é o nosso foco.

    Não existem santos e muito menos anjos na política, assim como não existem partidos melhores ou piores em termos morais que os outros, existem sim pessoas boas e ruins em todos os partidos, em todas as religiões, escolas, faculdades, governos ou em qualquer organização humana.

    Aparentemente o PT é uma preocupação ou uma obsessão sua, não nossa, e provavelmente nem nos lembraríamos dele se não o citassem tanto nos comentários.

    Não temos vontade e nem disposição para ficar pensando e nos preocupando com o PT, PSDB, PMDB e outros Ps. Estas disputas e picuinhas partidárias não nos interessam.

    No mais você tem o direito de pensar o que quiser, o país é democrático. Um abraço...

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